CAROS LEITORES

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Aqui é o cantinho onde pretendo discutir e desenvolver o melhor conteúdo para uma perfeita comunhão de idéias que nos possibilite crescer e evoluir dentro do contexto universal.


quarta-feira, 15 de junho de 2016

ALGUMAS OBRAS DE FERGI CAVALCA



OS DOZE DEGRAUS DO TEMPLO SAGRADO

Ao publicar “Os Doze Degraus do Templo Sagrado” resgatando assim, as “Horas de Apolônio”, estou propiciando ao público, sem dúvidas, uma síntese esotérica dos ensinamentos herméticos do grande mestre simulando os doze estágios iniciáticos em busca da luz; a obra é um verdadeiro compêndio de fisiologia oculta, tanto do corpo como da alma e ao mesmo tempo procura desenvolver um epítome respaldado em princípios morais e éticos, ingredientes ultimamente tão escassos no serviço diuturno e contínuo de reconstrução do planeta em seu atual período evolutivo. Aproveito, ainda, para levar ao conhecimento do leitor a importante figura histórica do grande filósofo de Tiana, um mestre da mais profícua intrepidez, infelizmente esquecido pela maior parte da humanidade hodierna.
Contudo ressalto que toda a filosofia que emana da obra deve ser acompanhada da prática recomendada através do “modus vivendi” individual, marca registrada da “alquimia mental”, esta sim a verdadeira fórmula para uma perfeita transubstanciação do espírito.

Portanto, com muito amor e muita paz, matérias-primas imprescindíveis para promover um mundo mais justo e perfeito e a fim de demonstrar que os hábitos do amor e do perdão são “sementes em terra fértil” quando caem nos corações bem formados, espero estar contribuindo, de alguma forma, para um desenvolvimento do ser humano, principalmente no que tange a alcançar uma melhor, correta e honesta posição, digna de figurar com positivo destaque no emocionante jogo da vida. 

ARCANOS DA ETERNIDADE

“Arcanos da Eternidade” é um romance místico que trata de assuntos antigos através de uma ótica diferente daquela imposta pela versão oficial. Não pretendemos em absoluto mudar convicções que foram forjadas durante mais de dois mil anos, consideradas intocáveis, e que geraram tabus e preconceitos aplicados e conferidos pelo Canon diretor das ideias cristãs. Queremos apenas expor a nossa versão dessa história fantástica.
Na verdade os quatro evangelhos ─ três deles chamados sinóticos pela similitude que apresentam entre si ─ contribuem pouco para o conhecimento da figura de Joshua (Jesus); a deificação conferida pelo Concílio de Niceia sob a batuta do imperador Constantino transformou-o em um Ser Supremo e, por isso, a figura do doce Rabi e seus edificantes ensinamentos foram deturpados e mal interpretados, gerando guerras, contendas, tortura e morte durante grande período de nossa história. O dogma da Santíssima Trindade estabeleceu sansões que no passado deixaram rastros de dor e martírio pela intolerância praticada pela religião que se arvorou em única detentora da verdade e, portanto, a lei absoluta com poderes temporais sobre todo o mundo ocidental.
A obra ‘Arcanos da Eternidade’ procura mostrar, sob a forma de um romance, o lado humano da mágica doutrina esotérica de Joshua, o Cristo Cósmico que nós, místicos por excelência, adotamos como código de conduta para a nossa difícil e sofrida jornada terrena.
Outro fato, talvez o mais importante do livro, é o resgate da figura de Yosef (José de Arimateia) tão importante quanto esquecida pelos evangelhos oficiais. José de Arimateia é o mais emblemático dos personagens cristãos... Primo de Joshua foi ele que nos momentos mais difíceis da vida do Grande Mestre esteve presente, principalmente no episódio da crucificação, solicitando o corpo a Poncio Pilatos. E não vamos esquecer de que veio através dele a notícia da morte daquele que foi chamado o “Pão da Vida”... Inclusive cedeu e preparou o sepulcro em suas próprias terras e para ali transportou o corpo de Joshua. Yosef conviveu sempre como o principal discípulo de Joshua nas principais passagens da vida do Rabi da Galileia, participando dos vários episódios de sua trajetória terrena.
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quinta-feira, 25 de junho de 2015


Deus em mim
Fergi Cavalca

Ser solicitado para produzir um trabalho com tema livre criou um dilema: que assunto escolher? São tantos... e todos de grande profundidade, juízo e discernimento...
Finalmente optei por um que engloba um conjunto de normas e regras de uma maneira geral; para tal recorro ao grande filósofo Baruch Spinoza cujas palavras judiciosas abaixo, revelam a essência da fé em Deus, sintetizando de uma maneira simples, porém completa, o sentido de prece que nós, formas materiais evolutivas e errantes que gememos nossas dores neste planetinha que não é mais do que um cocozinho de mosca na amplidão do Universo, insistimos em pedir — muito mais do que agradecer —, enchendo os “ouvidos” do Criador com nossas lamúrias, nossas dores e nosso desespero. Na verdade o texto de Spinoza não é uma prece que elevamos ao Deus de Nosso Coração e de Nossa Compreensão, ao contrário, é o desejo Dele em relação a nós humanos imortais que nos avaliamos mortais, para que tenhamos muito mais fé e sejamos objetivos e sucintos em nossos propósitos de evolução, aceitando o pensamento do Todo como a partícula mater de nossa existência.
Vejamos o que nos diz Deus através de Spinoza:
“...Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?”
“Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo.” 
“Eu sou puro amor...”
Essa síntese maravilhosa de Deus, Justo e Amoroso, é a “Chave Mestra” que abre as portas do templo interior, do coração do iniciado e, com absoluta certeza o objeto de nossa peregrinação terrestre, principalmente o que viemos buscar ao transpor o portal da Verdadeira Luz. Esse é o propósito ao qual nos recomendamos quando escolhemos participar dos ensinamentos de qualquer doutrina iniciática ou filosófica que nos mostre a árdua caminhada em busca da tão sonhada evolução espiritual.
É no templo que se situa no íntimo, no fundo de nosso coração onde abrimos nossos olhos profanos para a Verdadeira Luz, onde invocamos o auxílio de Deus e nos cobrimos com o simbolismo próprio dos que se purificaram pela iniciação dos quatro elementos formadores, onde vamos receber lição após lição, ferramentas certas e indispensáveis para polir as asperezas de nosso caráter.
Diz-nos Albert Einstein:
Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor, lembre-se: Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo”.
Ao lermos o Evangelho confrontamo-nos com a máxima cristã “...Ama o próximo como a ti mesmo...”. Realmente não podemos conceber nenhum ensinamento que seja mais completo ao sentido evolutivo do que esse.
O amor — virtude que exaustivamente procuramos, mas nem sempre encontramos — é o epítome universal, o sumário da evolução e a síntese cósmica da Criação... O único objetivo para o surgimento da raça humana é o aperfeiçoamento dos benefícios que advém da prática dessa grande virtude; esse é o suprassumo do livre-arbítrio, do poder de escolha que diferencia o ser humano do bruto. Ao escolhermos o amor optamos pelo perdão das ofensas; nesse momento renunciamos definitivamente nossa origem animal e assumimos a condição humana, à imagem e semelhança de Deus. É a despedida do homem material e o início da gloria espiritual, a morte do profano e a ressurreição templária do ente divino. Como nos diz a oração acima: “Eu sou puro amor...” e é assim que somos!
Não quero ser mais prolixo! Talvez tenha atingido o objetivo, ou talvez não tenha, mas fica o desejo de que todos confiemos no Supremo Criador, sabendo que a obra do Inefável Ser que engendrou em sua mente a perfeição de um universo que para nós mostra-se infinito, tem objetivos e propósitos que ultrapassam os pequenos momentos materiais nos quais vivemos mergulhados.

Paz e Luz.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O EMPRÉSTIMO

O Empréstimo
(Este conto recebeu menção honrosa na ALAB (Acadeemia de Letras e Artes Buziana - Armação de Buzios - RJ)


O doutor Cândido ajeitou os óculos e recomendou a Inocêncio:
— Veja bem, chegando à Bahia você vende a mercadoria na feira; depois vá à igreja do Senhor do Bonfim e deposite este pacote lá onde se fazem as doações, como você sempre procede...
E apresentou um pacote grande, de papel pardo grosso, muito bem amarrado; o papel era desses usados para embalar volumes.
Inocêncio era o capataz da fazenda do doutor Cândido, rico e próspero produtor de laranja, coco, farinha, tapioca, goma, beiju, castanha e não sei quantas coisas mais que se plantam ou manufaturam na roça. A fazenda ficava em Sergipe, quase na fronteira da Bahia e a produção era vendida para atacadistas de Salvador, principalmente na feira de “Água de Meninos”. A cada semana ele lotava o caminhãozinho e rumava para a “Boa Terra” vendendo a mercadoria e prestando contas ao proprietário da gleba.
Inocêncio já exercia tal cargo por mais de vinte anos e era da inteira confiança do doutor Cândido. Por isso a cada viagem o patrão, um devoto muito piedoso, entregava-lhe um envelope, certamente uma oferta financeira ao Senhor do Bonfim, para ser depositada ao pé do santo.
Inocêncio, além de nunca negligenciar seus deveres profissionais, jamais esboçou a curiosidade de conferir o que ia dentro do envelope. Simplesmente responsabilizava-se pela encomenda e cumpria as ordens integralmente, sem questionar qualquer item. Esse era o principal motivo pelo qual o doutor o considerava um funcionário exemplar.
Carregado o caminhão e inteirado de todas as recomendações de praxe, partiu ele de madrugada para cumprir sua tarefa. Deixou a fazenda às duas da manhã e esperava chegar ao destino às cinco.
Tantas vezes havia realizado esse trabalho que a viagem já se tornara rotina. Chegou, portanto a Salvador no horário aprazado e iniciou o roteiro para entregar a mercadoria a seus principais fregueses, recolher o pagamento e, depois, ir à igreja tratar do outro assunto do qual fora encarregado: a oferenda ao Senhor do Bonfim.
A manhã já ia alta quando Inocêncio subiu as escadas que levavam ao átrio do famoso santuário. Por ser dia de semana não havia muita gente: alguns turistas munidos de máquina fotográfica retratavam o egrégio templo, comentando estridulamente as características do local, principalmente os milagres atribuídos ao célebre padroeiro, afamadíssimo em todo o Brasil pelos maravilhosos prodígios ali perpetrados.
Inocêncio entrou na nave e sentou-se em um dos bancos vazios para descansar do calor insuportável do verão baiano. Enxugou o suor abundante com um lenço e ficou aproveitando a corrente de ar que circulava na nave principal da igreja.
O pacote da encomenda repousava em seu colo! Era bem mais pesado do que os envelopes que ele transportava com frequência!
Inocêncio que, apesar de alguns esboços culturais era homem simples da roça e, da mesmíssima forma que qualquer outro representante do gênero humano, não pode reprimir uma pontinha de curiosidade a respeito do “recheio” do embrulho. Não que ele fosse desonesto, longe disso! Era apenas “normal” o nosso pobre homem.
Ficou olhando, olhando... e, cada vez mais forte, ia batendo uma vontade mórbida, um anseio enorme de bisbilhotar o conteúdo do pacotão. A mão chegava a “doer” com o desejo de espreitar o que estava ali dentro tão bem embalado e amarrado. Mas a consciência... Essa barrava a terrível onda das irreprimíveis aspirações que brotavam em seu íntimo.
Negaceia de cá, apalpa de lá... olha em volta... verifica que a igreja está meio vazia... que ninguém prestará atenção nele... Devagarzinho suspende uma ponta do papel e dá uma espiadela...
Inocêncio prendeu a respiração, conferiu uma vez, duas vezes, três vezes... Olhou bem de novo, certificou-se ainda mais uma vez... não havia qualquer dúvida: um maço de notas de cem reais apareceu pela fresta do buraquinho que fizera. Rapidamente contou cinquenta notas!... Apalpando o embrulho constatou que havia uns dez pacotes semelhantes; se todos tivessem o mesmo valor haveria ali, pelo menos, cinquenta mil reais.
Inocêncio pensou:
— O doutor é maluco... Dar essa quantia ao santo!... O padre é quem vai ficar contente... dar pulos de alegria...
Mas ele também era muito devoto do Senhor do Bonfim... e honestíssimo, diga-se de passagem. Olhava o dinheiro, olhava a imagem, olhava novamente o dinheiro... e pensava:
— Não posso ficar com essa quantia! Não seria justo... Mas também não é justo que essa dinheirama toda vá para uma igreja rica como esta. O que devo fazer? Não posso tirar o dinheiro do santo e nem deixá-lo ao Deus dará... Valei-me Nosso Senhor do Bonfim. Mande uma inspiraçãozinha...
As horas iam passando e Inocêncio continuava sentado, estatelado, sem saber o que fazer... A manhã entrou pela tarde e o capataz continuava ali, rezando para que o santo milagroso lhe desse uma pista do que fazer. E quanto mais pensava, menos tinha ideia sobre como procederia. Algumas vezes esboçou levantar-se para entregar a oferta, mas as pernas bambas o prendiam e não o deixavam realizar o intento. Pensou, pensou, pensou... Em alguns momentos as lágrimas escorriam pelo seu rosto, tal a angústia que sentia com tão inusitada situação.
A tarde já ia alta quando Inocêncio tomou uma decisão: retirou uma folha de seu caderno de anotações e escreveu:
“Meu Senhor do Bonfim: Estou muito necessitado de uma certa quantia que meu santinho querido sabe, perfeitamente, quanto é. No momento o Senhor não está precisando dela tanto quanto eu, portanto solicito, por empréstimo, o montante acertado aqui, dentro de sua igreja, o qual pagarei, tão logo possa, em prestações iguais, à partir do prazo que vou estipular em minhas orações diárias”.
Colocou o bilhete sem assinar em um envelope e depositou como sempre fazia, no local das oferendas. Depois saiu com o coração leve, mas o pacote, que era pesado, também ia bem apertado contra o peito!...
Hoje Inocêncio, rico e próspero comerciante do ramo atacadista em Salvador, deve a sua fortuna ao empréstimo contraído com o santo, o qual, diga-se de passagem, foi pago conforme o combinado em prestações iguais, sem atrasos e com os juros de praxe.
Aos domingos Inocêncio não perde uma missa sequer na “Colina Sagrada” e, no silêncio de um “tête-à-tête” com a imagem que o olha complacente do alto da cruz com seus olhos lacrimosos e sanguinolentos, ele murmura baixinho:
— Obrigado meu santinho, mas que esse segredo fique apenas entre nós dois para sempre.



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pedro do Rio


Pedro do Rio
I
O ruído da chuva sobre o telhado lembrava o chiado da fritura na banha quente; chuva forte, noite fria, tamborilar contínuo dos pingos... Um aguaceiro de dar medo!
Pedro abriu os olhos e esfregou-os com as costas da mão; eles ardiam sonolentos, mas ele sabia que chegara a hora de levantar. Lá fora ainda estava escuro, mas uma nesga, um tantinho de claridade coava dos vidros embaçados pelas gotículas de água que escorriam pelos caixilhos. O garoto ficou mais um pouquinho na cama aproveitando o calor da coberta. Estava muito frio!
— Pedrinho! Tá acordado menino?
Era a tia Elisa quem perguntava de seu leito no aposento contíguo. A resposta do garoto veio abafada pelo edredom que o cobria dos pés à cabeça:
— Sim tia! Já estou de pé.
A tia sabia que ele ainda não se erguera da cama, mas continuou falando:
— Vá ordenhar a cabra e traga o leite que eu vou coar o café... Já, já seu tio levanta... Você sabe que ele gosta de encontrar o café arrumado na mesa... Hoje é dia de feira, dia de sair cedo...
— Já vou tia... É que está chovendo muito! — murmurou Pedro fazendo uma careta.
— Põe aquele plástico que está perto do fogão na cabeça e vai logo — resmungou a tia. — Chuva não quebra osso!
— Mas pode dar pneumonia! — disse o menino consigo mesmo.
Pedro levantou-se trêmulo de frio, enrolou-se no oleado e saiu para cumprir a tarefa imposta pela tia. A chuva não dava trégua, a água já descia da encosta aos borbotões e a trilhazinha que levava ao Piabanha parecia outro rio. Mesmo assim Pedro chafurdou os pés na lama e entrou no telheiro que servia de garagem e abrigava as cabras como se fosse um curral; ao fundo ficava o galinheiro. Trouxe o cabrito e amarrou ao pé da mãe enquanto tirava o leite; tirou um litro e deixou o filhote mamar o restinho. Colheu também alguns ovos e voltou para a casinha. A luz do dia vinha rasgando a noite, a chuva diminuiu um pouco, mas o frio continuava intenso.
Pedro ia fazer doze anos... Era órfão e morava com os tios Elisa e Alberto, casal já entrado na idade e sem filhos. Na verdade ele pouco se lembrava dos pais. Tia Elisa possuía uma foto do casamento da irmã, amarelada pelo tempo, foto essa que repousava sobre a arca de imbuia da sala, emoldurada por um passe-partout de cartão.
Às vezes tia Elisa falava:
— Minha irmã Alice era muito bonita. Poderia ter-se casado com um homem de posição, pois o que não faltava eram os pretendentes... Mas foi apaixonar-se pelo Rodolfo que não tinha onde cair morto... Resultado: Ele foi-se embora e deixou minha irmã com a barriga na boca. Depois que você nasceu ela foi só tristeza e acabou morrendo de pneumonia.
Pedro não gostava que tia Elisa se referisse daquele modo ao pai e vertia lágrimas quando ela aludia à morte da mãe. Talvez por isso ele tivesse tanto medo da pneumonia! Todas as vezes que gripava achava que ia contrair a doença e morrer. Naqueles anos do final da década de 50 a penicilina, que só começou a ser usada como fármaco durante a grande guerra, já garantia uma boa porcentagem de cura para as infecções microbianas. Mas quando a mãe morreu, dez anos antes, no final dos anos 40 ainda era complicado e quase sempre trágico ter uma doença bacteriana.
A propriedade onde os três moravam ficava à margem da antiga União-Indústria, a estrada que ligava o Rio de Janeiro a Belo Horizonte, passando por Petrópolis, Três Rios e Juiz de fora. Hoje a nova estrada contorna por fora o trecho serrano que naquela época acompanhava as curvas do Piabanha.
Seus tios moravam perto da localidade chamada Posse, entre Petrópolis e Areal. O sítio possuía uma horta na encosta do morro que se avistava da estrada; da União-Indústria descia um caminho batido de terra, que mal dava para a velha fubica passar; havia ainda uma pontezinha de concreto, comprida embora estreita que comportava apenas um carro por vez e atravessava o rio. À frente a estradinha bifurcava-se e uma das pernas terminava no portão de madeira da propriedade do tio Alberto; dali levava até o telheiro que servia de garagem e abrigava no fundo o curral e o galinheiro. A outra perna servia aos outros colonos que também moravam na margem esquerda do rio.
À beira da estrada o casal ergueu uma barraquinha onde se vendiam os produtos da terra: verduras, legumes, ovos, frutas, mel e, quando sobrava algum leite, algumas formas de queijo de coalho preparadas pela tia Elisa. Tinham três cabras, dois cabritinhos e um bode e mais acima um chiqueirinho onde criavam o leitão para engorda que ia ser morto no Natal; o pomar, embora ficasse na encosta, era uma nesga alongada, mas não muito larga e possuía uma variedade de frutas nativas da região. Aos sábados vendiam o que podiam juntar na semana, nas feiras livres em Petrópolis.
Aliás, Pedro era petropolitano. Nascera naquela cidade serrana onde a família de sua mãe morava quando ela ainda era solteira; eram descendentes de colonos alemães que ali se estabeleceram no inicio do século XX. Alice ficou órfã de pai e mãe ainda na tenra idade. Os únicos parentes eram a irmã Elisa e seu marido. Como eles moravam longe Alice foi para um colégio interno de freiras a expensas do casal. Antes de deixar o colégio conheceu Rodolfo, o pai de Pedro que, segundo lhe contaram, era professor de ginásio. Em pouco tempo apaixonaram-se e casaram, embora contra a vontade da irmã e do cunhado.
Rodolfo também era jovem, recém-formado e, por isso, pobre. Sua família morava muito longe, na divisa de Minas com Goiás e ele vivia só. E para piorar a situação ficou desempregado! Mas era um moço inteligente e muito hábil, com uma tendência artística acentuada. Um dia viajou para o Rio de Janeiro a fim de tentar uma vaga em um colégio da capital e nunca mais voltou. Embarcou no trem e desapareceu sem dar notícias... As buscas resultaram em nada... Alice ficou sozinha e grávida. Todos o julgaram pelo pior: Na certa ele havia abandonado a esposa...
Sem ter como prover seu sustento, praticamente sem parentes — pois como dissemos contava apenas com a irmã dez anos mais velha que morava na roça — Alice viveu de alguns trabalhos de agulha, arte que aprendera com as freiras, e que conseguia arranjar graças à boa-vontade dos vizinhos. Depois do nascimento de Pedro, em 1948, a situação piorou e culminou com sua doença e morte. E então Pedro, ainda novinho, foi para a companhia dos tios.
A vida do menino nunca foi fácil... Os tios não eram ricos! Pelo contrário! Possuíam a propriedade, mas viviam com muito sacrifício; tio Alberto, vinte anos mais velho que Elisa já ultrapassara os setenta e tia Elisa também era uma cinquentona. Portanto era difícil para o casal já entrado nos anos, cuidar da chácara, da horta, da criação e ainda comercializar o produto... Isso fez com que Pedro, desde a mais tenra idade, passasse a ser uma “mão-na-roda” para a casa; ainda novinho foi treinado na ajuda aos tios, inicialmente realizando tarefinhas inerentes a um menino pequeno. Agora aos doze anos trabalhava quase tanto quanto um adulto e, se não fosse ele, Alberto e Elisa teriam muita dificuldade em produzir na lavoura para garantir a sobrevivência dos três. Tio Alberto passado dos setenta tinha problemas sérios de saúde, mas como todos os trabalhadores rurais daquela época — e de hoje em dia também — não ia ao médico, protelando com desculpas esfarrapadas quando se sentia mal, apesar dos constantes protestos da mulher.
Aquela manhã parecia a de um dia normal, mas ia mostrar-se de profundas consequências na vida daquela pequena família.
Era sábado e, como dissemos Pedro e o tio Alberto preparavam-se para ir à feira: a tia Elisa acendeu o fogo de lenha e colocou a chaleira a ferver para coar o café. Em seguida assou na chapa quente uns pães de farinha e fermento, enquanto Pedro trazia o leite e os ovos. Depois de tudo arrumado a velha senhora foi chamar o marido. A chuva voltara a cair forte...
Alberto levantou-se reclamando de falta de ar! Seu rosto mostrava um ricto de dor e queixou-se de indisposição e fadiga... entretanto lavou-se e foi para a mesa! Engoliu o café com dificuldade e em silêncio; um suor pegajoso porejava de sua testa e a respiração estava mais entrecortada e arquejante do que de costume. Ninguém ligou para aqueles sinais evidentes, mas ao erguer-se o ancião foi acometido de um mal súbito e caiu apertando o peito... infarto fulminante! O velho tio morreu antes que a esposa, Pedro ou algum vizinho pudesse chegar para prestar socorro.


II
De uma hora para outra ele apareceu na gare! Estava sujo de terra e com um tremendo ‘galo’ na cabeça! Em Piabetá conheciam-no como o “Homem da Estação ou Zé do Trem”. Já fazia bem mais do que dez anos que ele vivia na vila! No início algumas pessoas se condoeram dele e deram-lhe comida e algumas roupas e cobertores; ele viveu por algum tempo — um ou dois anos, talvez — num canto da plataforma. Não lembrava absolutamente do próprio nome ou de quem era; dizia apenas que alguém batera em sua cabeça, talvez num assalto e fora atirado do trem, sem documentos, sem dinheiro e, praticamente, nu. Um homem sem passado.
Alguém apenado de sua situação amarrou-lhe um pano na cabeça ferida que ficou ali durante bastante tempo manchado de sangue. Quase ninguém se aproximava dele ou dirigia-lhe a palavra, portanto desenvolveu uma natureza arredia e um tanto taciturna e solitária. Muito raramente alguém conversava com aquele homem e as crianças faziam ‘zoada’ como um enxame ao seu redor quando o pilhavam fora de seu “habitat”, que era a estação.
Apesar de ter uma aparência jovem, devido ao abandono e descuido com barba por fazer e as vestes rotas, semelhava um mendigo e por isso mantinha-se através da caridade pública: comia os restos que lhe traziam e vestia o que jogavam no lixo.
Sua redenção veio por intermédio de Florinda, uma jovem cujo marido afogara-se no rio da Cachoeira Grande e a deixara com um filho; ela recolheu o Zé do Trem um dia como uma boa samaritana, condoída de sua situação — aparentava estrema fraqueza e doença — e levou-o para sua casa, mesmo com a desaprovação da sociedade local. Ali cuidou dele e aos poucos lhe foi devolvendo uma qualidade de vida da qual ele já havia se esquecido.
Depois de alimentado e vestido com higiene, verificou-se que o Zé do Trem não era um ignorante qualquer: Possuía boa aparência e uma cultura bastante eclética que demonstrava uma formação educacional esmerada. Ele estava apenas adormecido e abandonado; sem ajuda e sem lembrança entregou-se ao Deus-dará e não teve forças para reagir à sua desdita. Essa metamorfose agradou bastante Florinda que era a proprietária de uma pensão fornecedora de comida caseira de boa qualidade e quartos limpos por um preço módico e bastante acessível. O Zé foi ficando por ali e, para pagar a estadia, ajudava tanto na cozinha como no atendimento aos fregueses que frequentavam o local.
Florinda gostava dele e ele por sua vez dedicava-se inteiramente a ela e ao filho agindo com sua benfeitora como alguém extremamente grato pelo favor recebido. Suas faculdades mentais foram, aos poucos, sendo restauradas e ele acabou tornando-se de grande utilidade na ajuda aos trabalhos escolares do Franklin, filho da Florinda que estava com seus dez anos, aproximados. Como era naturalmente educado e prestativo, em pouco tempo passou a ser fundamental para a família. Sua memória falhava quando se tratava de sua identidade, local e data de nascimento, pessoas com quem convivera e outros assuntos ligados à sua vida anterior. A memória vinda do aprendizado tornava-se cada vez mais eficaz e seus conhecimentos permaneciam intactos, embora ele não conseguisse lembrar como os adquirira.
Passado um tempo a coexistência entre Zé e Florinda levou-os a uma intimidade maior e começaram a dividir não apenas a casa, mas também o coração. E com certeza o amor que dedicavam um ao outro era sincero e verdadeiro. Nessa época Zé do Trem já tinha uma vida normal e raramente alguém se lembrava de seu surgimento estranho no passado. De caráter calmo, ponderado e respeitoso já não cabia mais ligá-lo à esdrúxula figura que surgira abruptamente na estação.
Como ele não possuísse documentos e nem nome, nunca puderam casar-se; mas eram felizes dentro daquilo que poderia ser considerada uma vidinha tranquila, sem muitas surpresas e nem grandes perspectivas mesmo naqueles tempos preconceituosos da década de 50. A renda da pensão era suficiente para a família de Florinda, mas Zé do Trem descobriu que possuía um dom artístico: Certo dia caiu em suas mãos um canivete; logo que se viu com aquela ferramenta sentiu imensa vontade de usá-la em um bloco de madeira. Notou imediatamente que não era a primeira vez que trabalhava daquela forma e, a partir dali passou a esculpir alguns trabalhos de aceitável beleza que ao longo do tempo foram se aperfeiçoando; Florinda os mostrou a algumas amigas que começaram a divulgá-lo no pequeno distrito; dentro em pouco eram vendidos na estação e adquiridos por muitos dos turistas que se dirigiam a Petrópolis pelo trem da Leopoldina que passando por Piabetá seguia até a Raiz da Serra ou Vila Inhomirim onde a locomotiva era trocada por outra dotada de cremalheira para subir a Serra da Estrela. Até meados dos anos 60 ainda persistiu esse serviço.
Como Piabetá era distrito de Magé, esses trabalhos chegavam muitas vezes até a sede do município onde já podiam ser encontrados em lojas que vendiam souvenires e artesanato. A verdade é que Zé do Trem passou a ficar famoso! De Magé e Piabetá suas esculturas passaram a serem expostas também em Petrópolis, comercializadas nas feiras em barracas de lembranças. Por tal motivo, nos finais de semana ele e Florinda deixavam a pensão — que a esta altura já era uma pousada — e rumavam para a bela cidade serrana onde as esculturas de Zé obtinham razoável sucesso... Portanto a qualidade de vida do casal melhorava a olhos vistos.
Contudo, quando ia a Petrópolis Zé tinha estranhas sensações! Geralmente ficava zonzo e tornava-se alheio como se estivesse em transe! Várias vezes deixou-se quedar por horas, pensativo e apático sentado em algum banco de uma pracinha, em cismas. E então os cotovelos enterrados nos joelhos e as palmas comprimindo a fronte, mostravam o impacto que a cidade causava nele. E nessa posição característica o desmemoriado agia como se estivesse fazendo algum esforço tremendo para lembrar-se de algo.

III
Depois que o tio Alberto morreu, Pedrinho e a tia precisaram trabalhar em dobro para suprir a falta do velho. Embora já idoso, tio Alberto ainda era o ponto de equilíbrio da família. Apesar de tia Elisa saber dirigir, era ele que guiava a fubica nos fins de semana para Petrópolis e também tomava conta da barraca na estrada enquanto Pedrinho cuidava da horta e dos animais. Com a morte do esposo Elisa passou a ter que ir para a barraca da estrada e Pedro a acumular o preparo do almoço em suas tarefas diárias.
Nos fins de semana tia Elisa, apesar das barbeiragens, levava a fubica — uma pequena caminhonete com uma carroceria de madeira — cheia de mercadoria para Petrópolis onde armavam a barraca na feira. Saiam de madrugada no sábado instalando-se “do outro lado da linha do trem” na pracinha onde há uma bifurcação para os bairros do Caxambu e do Quissamã. Era uma feira razoavelmente grande, perto do Centro e da estação de Estrada de Ferro.
Naquele ano de 1960, Petrópolis era uma cidade progressista e desenvolvida que agregava uma população onde havia muitos descendentes de imigrantes alemães. Além disso, também era um local muito afamado para veraneio e atraía um grande número de turistas em busca de descanso e laser. Já naquele tempo as famosas malharias que no futuro tornariam a cidade famosa pelas confecções, começavam a se espalhar pela Rua Tereza até o Alto da Serra.
Em um destes sábados Tia Elisa e Pedrinho instalaram sua barraquinha e arranjaram a mercadoria da melhor maneira para atrair a freguesia. Tudo aquilo que o sitio produzia estava ali bem arrumadinho; verduras, legumes, frutas, mel, queijo, ovos... tudo fresquinho e de primeira categoria. Pedrinho desdobrava-se anunciando a mercadoria aos gritos enquanto a tia vendia e passava o troco e, conforme a manhã ia avançando os produtos iam diminuindo, num excelente ritmo que prenunciava um final rápido e feliz. De fato, antes da hora do almoço já tinham vendido tudo e se preparavam para a refeição substancial que tia Elisa preparara para os dois: duas generosas marmitas com arroz, feijão, macarrão, ovo e um bom pedaço de lombo assado. Sentados no banco da frente da caminhonete devoravam os quitutes com o apetite de quem comera sua última refeição ainda de madrugada.
Pedrinho aproveitou o bom humor da tia devido às vendas fartas e, com a voz um pouco trêmula pediu:
— Tia Elisa, eu sei que a senhora não gosta muito, mas me fala do papai... Agora tia, diga alguma coisa boa dele... Eu gostaria tanto!
Elisa sentiu um nó na garganta, mas disfarçando retrucou:
— Por quê? Você acha que eu não gostava de seu pai?
— Pelo menos você sempre diz que ele não prestava! Que abandonou minha mãe... E aí eu fico triste! Não conheci meu pai, mas gostaria que as pessoas falassem bem dele...
— Sabe tia — continuou o menino —, sinto falta de ter um pai e uma mãe. Quando eu estou sem trabalhar, sozinho, penso neles... e aí meu coração chega a arder de tão triste... Quase que eu já gastei o retrato da sala de tanto olhar para ele! Eu nunca fui ao colégio, não sei ler... Gostaria de saber! Desde que eu era pequenino sempre trabalhei sem reclamar de nada, mesmo quando eu estava doente... Puxa tia, fala bem do meu pai... só um pouquinho!...
A tia engasgou com o naco de carne assada. Tossiu muito! Os soluços de comoção se misturaram à tosse pelo engasgo. Embaraçada disfarçou o que pode e refutou as lágrimas ao pedaço de carne que tomara o caminho errado. Levou algum tempo para se recompor dando tapas no próprio peito como para desentalar... Depois falou meio sem jeito:
— Ora menino, eu até gostava do seu pai sim, mas o que ele fez à minha irmã foi inadmissível, não se pode perdoar... Ah, eu queria tanto te dar essa alegria! Mas não posso!
Tia Elisa não aguentou e deixou o dique das lágrimas se romper de vez. Pedrinho também chorou e abraçou a tia. Entre soluços ponderou:
— Mas tia, suponha que aconteceu alguma coisa... que ele não pode voltar... Pode até ter morrido!
— Não Pedro! Ele poderia ter avisado e se ele tivesse morrido alguém traria a notícia em casa — afirmou Elisa abanando a cabeça. — Ele não quis assumir a responsabilidade... Estava desempregado... foi um fraco! Abandonou minha irmã e você!
Pedrinho agora chorava bastante:
— Puxa, eu queria tanto!... Eu rezo todos os dias para que Deus me dê uma resposta que me faça feliz! Todos dizem que minha mãe foi uma santa e eu gosto; mas todos também dizem que meu pai era um diabo e isso eu não gosto. Ora tia, apesar de tudo eu não sou um menino alegre ou feliz. Não brinco, não passeio, não tenho amigos... Mas não reclamaria da nada disso se eu tivesse pai e mãe!
Levantando-se caminhou devagar para a pracinha onde, sentado em um banco, passou a ruminar sua tristeza quedando-se de cabeça enterrada nas mãos e chorando baixinho. Elisa deixou-o sozinho! Sabia que ele precisava encontrar-se consigo mesmo.
IV
Zé do Trem estava tonto com a balbúrdia da feira. Toda vez que ia ali tinha desses estranhos ataques que deixavam a sua cabeça tão confusa. Sentou-se um pouco para acalmar seu espírito agitado por ondas que subiam causando arrepio em seu corpo. Era uma sensação desagradável como se alguém estivesse arrancando suas entranhas.
Florinda aproximou-se e perguntou:
— Está sentindo-te mal, Zé? Queres ir embora?
— Não minha rainha, eu estou apenas um pouco tonto! Prefiro ficar um pouco só!
Era assim que ele a tratava: Minha rainha!
Florinda voltou para suas vendas de artesanato e deixou o “marido” sozinho com suas cismas. Zé ficou ali sentado tentando espremer do crânio aquelas recordações que nunca vinham. Durante algum tempo ele deixou seu pensamento vagar. Era uma sensação estranhíssima. Um vazio que não se preenchia nunca. E isso lhe dava muita angústia. Havia momentos em que subia uma onda como se fosse recordar-se de sua vida passada, mas a sensação morria trazendo novamente o vazio. E aí vinha uma dor de cabeça fortíssima que lhe dava desespero e agonia.
Engoliu dois comprimidos analgésicos, fincou os cotovelos nos joelhos na sua posição característica e deixou-se ficar quietinho esperando passar aquele surto.
Depois de alguns minutos ergueu a cabeça; relanceando a vista pela feira fixou-a no banco ao lado onde um menino chorava baixinho. Sem saber por que, sentiu pena daquele garoto que parecia tão desprotegido e sentiu um impulso e uma vontade enorme de consolá-lo afagando seus cabelos. Aproximando-se sentou no mesmo banco e com voz doce e consoladora perguntou:
— Como é que um menino tão jovem e tão belo como tu pode estar tão triste. Talvez se me contares eu possa ajudar-te...
Sem levantar a cabeça Pedro, pois era ele, respondeu:
— Tenho saudades do meu pai e da minha mãe. Nunca os conheci, mas queria tê-los ao meu lado. Gostaria que todos amassem meu pai, mas minha tia Elisa diz que ele agiu muito mal com minha mãe e abandonou-a grávida. Isso me machuca por dentro, não posso explicar... O senhor acredita em amor mesmo sem conhecer a pessoa?
O menino levantou os olhos... Ao se deparar com o rosto de Zé tomou um susto; era o rosto que fixara tantas vezes no retrato da sala... Um pouco mais velho, mas certamente o mesmo rosto:
— Acho que lhe conheço... quem é o senhor?
Zé preso a uma estranha comoção ficou mudo. Nesse instante tia Elisa aproximou-se e chamou:
— Pedro...
Ao olhar para o rosto do homem que estava sentado ao lado de seu sobrinho soltou um grito:
— Rodolfo?... Meu Deus! — E virando-se para o menino abraçou-o — Pedro! Oh, Céus! O que você faz aqui Rodolfo?...
Nesse instante Zé do Trem virou-se estatelado para Elisa. Sem um gemido sequer foi pendendo a cabeça e revirando os olhos... Em seguida caiu sem sentidos no solo.
O ajuntamento que logo se fez atraiu a atenção de Florinda que estava perto, na barraca. Imediatamente aproximou-se e quando viu o companheiro escarrapachado no chão ficou desesperada.
— Zé acorda, o que aconteceu, fala comigo... Pelo amor de Deus, Zé... fala comigo.
Enquanto tentava reanimá-lo as lágrimas rolavam por sua face. Ainda sem saber o que havia acontecido olhou indagadoramente para Elisa que também se curvara sobre o homem e inquiriu:
— O que aconteceu, meu Deus? Porque ele não responde?
— Esse é meu cunhado Rodolfo — explicou Elisa. — E aquele é o filho dele — disse apontando Pedro.
— Não. — afirmou Florinda. Este é o meu Zé do Trem. Moramos em Piabetá. Ele perdeu a memória, mas vive comigo há dez anos. Por favor gente, chama uma ambulância... um táxi... Precisamos levá-lo ao hospital, ele está muito mal...
Um homem aproximou-se:
— Sou médico, deixe-me examiná-lo!
Após rápido, porém minucioso exame, o medico declarou:
— Todos os sinais vitais correspondem, mas está em profundo estado de choque. Precisamos levá-lo imediatamente ao hospital. Meu carro está estacionado aqui perto...
Com cuidado ergueram e carregaram Zé do Trem colocando-o no veículo.
V
Como são interessantes os caminhos do Cósmico, do Todo... A lei da atração, explicada hoje em dia pela física quântica, move parâmetros incompreensíveis para nós, simples e pequeninos humanos que nos agitamos neste mundo de dores tal e qual amebas numa poça de água. Planeta de aprendizado, de expiação, mas ao mesmo tempo de maravilhas, de milagres da vida... Quem poderá se jactar de ser absoluto em seus conhecimentos, quando Deus, este Espírito que paira sobre o Universo, esta Vontade Fundamental que cria e destrói um milhão de mundos em um piscar de olhos, prepara em cada curva do caminho surpresas tão inesperadas?...
Acaso? Coincidência? Não! Não existem acasos, nem coincidências... Tudo no Universo se encaixa com uma poderosa razão de ser. Já dizia Einstein, um dos maiores expoentes do século XX: “Deus não joga dados!” Ah, Planeta Terra! Como somos ainda tão atrasados que não percebemos as grandes dádivas que nos são mostradas todos os dias, enquanto nos chafurdamos em misérias... É só olharmos a beleza da natureza para sentirmos a grandeza do Supremo Criador.
Ah, como são belos os riachos que serpeiam pelas matas; e as águas que gastam as pedras polindo-as, alisando-as com sua carícia eterna, dia após dias, ano após ano...
Entretanto o homem se apega ao ódio!
Ah! Como é suave o murmúrio das cascatas saltando de pedra em pedra para depois espraiar-se nas espumas que bailam nas águas tranquilas dos lagos.
Porém o homem se destrói em guerras!
Como são frescas as margens onde rochas arredondadas e cobertas de musgos emolduram uma flora rica que cresce na umidade perene à sombra da floresta. Flores rasteirinhas que colorem as trilhas dos caminhos e, no amanhecer quando o lusco-fusco da aurora ilumina a pequena pérola de orvalho que tremeluz na pétala, uma miríade de cores explode na difração do tênue raio de sol que a atravessa. E esse raio se desmancha num espectro encantado de infinita beleza...
E o homem ainda se entrega às drogas!

Na sala de espera do hospital Santa Tereza estavam reunidos Florinda, Pedro e tia Elisa. Zé já estava no hospital há três dias. Na noite anterior dera sinais de recuperação, por isso todos aguardavam o médico chegar com notícias alvissareiras.
Florinda contara a Elisa todos os percalços pelo qual Zé do Trem passara, mas não sabia explicar como ele fora parar daquela forma em Piabetá. Elisa, por sua vez explicou que Rodolfo era viúvo de sua irmã Alice e que desaparecera deixando-a grávida. Pedro era o filho de Rodolfo. Todos imaginaram que ele havia fugido e sequer passava por suas cabeças que ele pudesse estar tão próximo.
Finalmente o médico chegou. Eles se acercaram para ouvir o que o facultativo tinha a dizer; o doutor Francisco foi econômico nas palavras, mas sintetizou de forma prática os fatos explicando:
— Vai sobreviver. Foi um choque quando recobrou a memória repentinamente! Agora já se lembra do passado, mas está muito fraco. Apesar disso ele quer falar com vocês. Sejam breves e cuidadosos, sem questioná-lo. Deixem que ele fale. Lembrem-se que ele sofreu um choque fortíssimo.
Em silêncio entraram no quarto onde o paciente repousava. Por sugestão do médico deixaram Pedro entrar também. Zé do Trem estava com os olhos semicerrados, mas abriu-os logo que todos entraram. Notando a ansiedade que tomava conta do paciente a enfermeira, uma irmã de caridade, procurou acalmá-lo.
— Fique calmo senhor, nada de precipitação.
Depois se voltando para os visitantes esclareceu:
— Vou deixá-los um pouquinho a sós com ele. Está sob o efeito de sedativos, mas sua faculdade mental está preservada dentro da medida do possível. Cuidado para não cansá-lo.
Florinda tomou as mãos do companheiro entre as suas. Zé relanceou a vista pelos três. Depois se fixou em Elisa:
— Lembrei-me de tudo — disse com voz sumida. Eu não abandonei Alice, juro. Eu a amava e também ao meu filho que ia nascer. Foi uma fatalidade da qual fui culpado involuntariamente.
Tocou as mãos de Pedro e murmurou:
— Perdão meu filho — e beijou-as comovido.
Parou um momento e lágrimas escorreram de seus olhos, Pedro segurou-se muito para não chorar desesperadamente, mas derramou abundantes lágrimas, tanto de emoção como de júbilo.
— Naquele dia o trem estava vazio — continuou o doente. — Havia pouca gente no vagão! Depois que desceu a serra dois homens aproximaram-se de minha poltrona. Um deles tinha a mão direita sob o paletó como se portasse uma arma e ordenou que eu o acompanhasse. Estávamos no último carro e ele me fez ir até a plataforma; lá me exigiu a carteira.
Parou para tomar fôlego e descansar um pouco. Após um instante continuou:
— Entreguei-lhes a carteira com os documentos. O dinheiro era muito pouco, apenas o suficiente para a volta. Ficaram possessos... jogaram a carteira na mata e um deles sacou a arma e me ameaçou dizendo que eu deveria me sentir envergonhado por ser um Zé Ninguém sem um tostão no bolso. O trem já vinha chegando à estação e eles me golpearam com o cano do revolver e me atiraram nos trilhos. Daí para frente minhas lembranças se esvaíram; fiquei sem saber o que fazer quem eu era... Só me lembro da estação. Florinda — olhou carinhosamente para a mulher — me salvou e deu-me uma nova vida...
Novamente as lágrimas escorreram e ele ficou em silêncio. Depois de um bom lapso retomou a narrativa:
— Sentia sensações estranhas quando vinha a Petrópolis e, particularmente no sábado, estava muito agitado, pressentindo que alguma coisa iria acontecer. A visão do menino chorando e quando ele disse que me conhecia despertou-me impressões estranhas. Foi quando avistei minha cunhada chamando-me pelo nome...
Parou novamente. As lágrimas corriam pela face de todos. Depois que os soluços se acalmaram Zé prosseguiu:
— Senti um baque e perdi a consciência. Acordei hoje aqui e lembrei-me de tudo...
VI
A última vez que tive contato com a família foi em meados de 1964. As notícias? Já as vou dar:
Retomar uma vida que foi interrompida durante doze anos não foi fácil. No início todos tiveram que se ajustar ao novo padrão exigido.
Zé do Trem, depois que descobriu que se chamava Rodolfo casou-se com a Florinda e continua morando no lugar que o ajudou a encontrar-se novamente.
Elisa vendeu a propriedade de Posse e foi morar com Pedrinho em Piabetá — Ele não abriu mão de ficar perto do pai. O menino passou a frequentar a escola onde se destacou por sua aguda inteligência. Aprendeu a ler e tem vontade de se formar em medicina. Ele também ganhou um irmão mais novo, o Franklin, filho da Florinda, que quando vi pela última vez estava grávida. A família está aumentando!
Com o dinheiro da venda do sítio Elisa comprou uma chácara onde ela e Pedro — que já estava com dezesseis anos — plantam verduras e legumes e criam cabras e galinhas, continuando a fazer aquilo que sabem fazer muito bem, com uma vantagem: a Florinda consome quase toda a produção no seu restaurante, que cada vez faz mais sucesso.
O Zé, agora Rodolfo, continua fabricando o seu artesanato que é muito procurado e, nas horas vagas, dá aulas no ginásio de Magé. Já o convidaram para entrar na política, mas ele, ajuizado e sério, não aceitou.
Como se pode observar, esta é uma história de final feliz. Talvez seja verdadeira, talvez imaginação... Entretanto de uma coisa ela pode se gabar: Traz uma mensagem de superação e de reconhecimento... Talvez seja pela falta desse tipo de mensagem que a humanidade hoje se ressente tanto. Não temos o vilão, personagem tão a gosto das tramas atuais, mas, sem dúvida, sobra o amor ao próximo na sua forma mais cristã: a ajuda e a solidariedade humanas que transformam criaturas semimortas e abandonadas em seres humanos prontos a viver a sua nova experiência com denodo e fé.


segunda-feira, 12 de março de 2012

TRILHAS CONVERGENTES



ESCLARECIMENTO AO LEITOR

O romance Trilhas Convergentes, livro que ganhou o prêmio da LITERARTE - Associação Internacional dos Escritores e Artistas como o melhor livro de autoajuda e psicologia de 2014, é, sem dúvida uma excelente opção de leitura, não só como entretenimento, mas também para aumentar o cabedal cultural, científico e filosófico.
O romance conta a história de três personagens que se encontram em uma cidadezinha de Minas Gerais, São João Batista do Glória. 
Através de uma amizade adquirida pela convivência e, também, pelas circunstâncias, já que todos possuíam pesada carga emocional, além de problemas de saúde, conseguem ajustar suas desditas para superarem os seus problemas.

O romance tem boa dose de aventura, amor e ensinamentos, prendendo o leitor desde a primeira página à última, com uma trama bem urdida e concatenada. E o cenário é uma maravilha, pois São João Batista do Glória pequenina joia encravada nos contrafortes da Serra da Babilônia e da Serra da Canastra, possui uma natureza exuberante e rica, com suas belas cachoeiras, trilhas, off-road, down hill e outros esportes de aventura.
Trilhas Convergentes remete o leitor a insondáveis mistérios onde o misticismo e o esoterismo, preenchem as lacunas de um conhecimento oculto ancestral.
Todos os personagens são ricos em detalhes psicológicos, mas ao mesmo tempo são pessoas simples que absorvem bem o contato com a vida e com os semelhantes.
Finalizando, a mensagem do livro cumpre bem a sua finalidade, que é levar aos leitores um conto que enriquece muito a natureza do ser humano dentro da sociedade e perante a vida.
Leiam, não percam.
Fergi Cavalca


Adquira Trilhas Convergentes no site www.clubedeautores.com.br

sexta-feira, 29 de julho de 2011

ARCANOS DA ETERNIDADE



Visite o site de Fergi Cavalca http://fergicavalca.no.comunidades.net

NOITE DE AUTÓGRAFOS EM DIAS D'ÁVILA.

O evento foi muito concorrido, estando presente a sociedade diasdavilense, vereadores da Câmara Municipal, comerciantes, presidente do CDL, Loja Maçônica, colégios, professores...



SOBRE A OBRA
Escrevi ‘Arcanos da Eternidade’ com o pensamento voltado para a revitalização da mensagem de Joshua, tão impregnada nos dias de hoje pela violência implacável que torna-se, infelizmente, marca registrada de uma humanidade à deriva da ética e da moral, e revestida de conceitos completamente estranhos aos ensinamentos do doce rabi que pregava a paz, o amor, a justiça e o perdão.



Depois da ‘conversão’ de Constantino e dos conceitos que nos foram empurrados ‘goela abaixo’ pelo Canon oficial há quase dois mil anos, e que instituiu a deificação do mestre e criou o dogma da Santíssima Trindade, credos esses cuja a não adoção implicava em sansões que iam do degredo até a tortura e morte, ‘Arcanos’ procura mostrar, sob a forma de um romance, a mágica doutrina de Jesus que nós, místicos por excelência, adotamos como código de conduta para a difícil e sofrida jornada terrena. Nesse livro resgato, também, a figura de José de Arimateia, tão importante quanto esquecido pelos evangelhos oficiais.

Espero que ‘Arcanos da Eternidade’ possa contribuir para firmar seu conceito perante a figura do grande avatar, que nos legou a paz, o amor, a justiça e o perdão.




Arcanos da Eternidade traz uma mensagem de profundo otimismo e esperança para o momento atual em que nossa sociedade vive.
Sem qualquer conotação religiosa, o livro abre o véu que oculta certos detalhes omitidos pelos evangelhos canônicos em detrimento da vida de Joshua, o grande lider que modificou o pensamento ocidental há vinte séculos.
A história baseia-se na narrativa de Ângelo, um mestre pertencente a uma Ordem Mística que, encontrando-se com José, também membro da referida Ordem, acordam entre si uma série de entrevistas para que a vida de Joshua seja revelada ao mundo.
O livro mostra a peregrinação de Joshua e Yosef, seu fiel amigo e discípulo, pela Caxemira, India, Nepal, Tibete e, finalmente, para a conclusão de sua sublime missão na Palestina.
De caráter surpreendente e escrito em uma linguagem que prende o leitor do principio ao fim, ler 'Arcanos da Eternidade' é um complemento indispensável.

Alguns comentários sobre a obra
Alguns comentários recebidos por e-mail.

Caro Irmão,
Muito agradecido pela preciosa indicação, já adquiri pelo site da Livraria na certeza de que se trata de Obra que eu buscava, penso que seja de essência parecida com a do livro “ O sublime peregrino ” de autoria de Ramatis , psicografado por nosso Irmão Hercílio Maes (1913/1983 - Curitiba- PR - Rozacruz, Teosofista, Advogado, Contador ) .
Em “Arcanos da Eternidade”, certamente colherei ensinamentos valorosos.
TFA
Aderbal Bacchi Bergo- M. M. ARLS , Lux Aeterna 236 – GLESP -Or. Campinas – SP. – REAA - Cadastro Geral 34.004

Prezado Irmão
Li sua obra, que por sinal gostei bastante. Muito sucesso, paz e luz.
Grato
Um TFA
Marcos Agulham


Parabéns, irmão Fergi.
Você é um grande escritor!
Aylton

Prezado Ir. Fergi,
Depois de alguns percalços consegui me concentrar e finalmente ler o livro.
Confesso que fiquei maravilhado com o convite às viagens desde o primeiro capítulo.
A leitura é fantástica e mesmo nos assuntos mais delicados, tal como revelação da identidade de Lázaro, José de Arimatéia e Maria Madalena, o seu estilo nos convida ao pensamento mais abrangente, sem limites.
Sou Católico Apostólico Romano, fui catequizado na Doutrina da Infabilidade Papal, mas com o advento da abertura e dialogo inter religioso da Igreja a que eles chamam ecumenismo, daí ter frequentado e conhecido a Doutrina Espírita Kadercista e ter alinhado os conhecimentos de cada lado para formar meu pensamento espiritualista e religioso de modo bem eclético, não exegeta.
No período do ensino superior, fui aluno da Universidade Federal da Bahia, fomos influenciados pela doutrina da Teologia da Libertação, que ainda influenciava a juventude católica naquele período, mas sem chegar aos detalhes e questionamentos dos textos dos Evangelhos, face ao seu caráter de pregação político-ideologico suplantando a espiritualidade.
As suas revelações são realmente surpreendentes. O convite a leitura nos satisfaz, com um texto de fácil compreensão, mas de profunda reflexão.
Estou com uma leitura paralisada de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" de José Saramago, mas suas lições me deram energia para prosseguir na leitura de Saramago.
Grande abraço,
Alexandre Costa da Fonseca

Gimeno,
Estou enviando a carta abaixo para que você veja o que seu livro está causando a um iniciado do 21º grau.
Aylton


“Caro Aylton
Hoje é terça de carnaval e imagino que você não tenha subido. De qualquer forma vou te ligar daqui a pouco para confirmar isto. Estou na página duzentos do livro do Fergi, e como já disse antes, estou gostando. É de uma linguagem muito simples e, portanto, de fácil entendimento. Não pretendo comentar o estilo ou coisas assim. O que me interessa de fato é o conteúdo místico da obra. Gostaria primeiro de te perguntar se você partilha das seguintes revelações até aqui apresentadas:
1) As bodas de Canaã são o casamento de Jesus com Maria Madalena.
2) José de Arimatéia e Jesus peregrinaram pela Índia, Pérsia, etc.
3) Lázaro - “...aquele a quem tu amas...” - e João - “o discípulo amado”- são a mesma pessoa.
Fico imaginando o que ainda vem por aí. É claro que para mim estas revelações fazem sentido, e de forma alguma me chocam. Principalmente a última e mais surpreendente delas, parece fazer todo sentido!
Pergunto se tudo isto (e mais o que vem por aí) faz parte dos ensinamentos das escolas às quais o Fergi Cavalca pertence (e talvez você também).
Por último, ele faz referências à sublime ordem de Melquisedec, da qual os personagens José, Ângelo e outros são membros.
Desta mesma ordem - segundo o Fergi, nas monografias a nós enviadas há algum tempo - você e ele fazem parte.”


Fergi,
Estou maravilhado com o livro. Estou na pg 121. Abraços e parabéns.
Do amigo irmão
Gilson

Meu Caro Irmão
Excelente Trabalho. Siga em frente e não olhe para traz.
"O homem não é deixado sozinho na carreira (missão) que cumpre.Se o destino obriga-o, as vezes, a se sujeitar à humilhação e ao sofrimento, sua vontade livre pode receber ensinamentos preciosos da providência.
A providência só pode agir sobre os homens através dos homens, e são os grandes iniciados oriundos das fraternidades que conservam a tradição, ou então da ascensão pessoal, fruto da oração e do êxtase. São eles os encarregados, nas épocas de dúvida e de inquietação, de lembrar aos homens sua origem divina e a finalidade de sua existência na terra.
TFA
Lago

Estimado Irmão:
Demorei em lhe responder, pois tinha que fazer uma leitura acurada. Li e reli. Gostei muito. Não divaguei. Viajei por muitas fases da vida. Pude, através dessa magnífica obra, fazer, acredite, uma releitura da vida. Só posso dizer uma coisa: MARAVILHOSO. http://www.blogger.com/img/blank.gif
Um TFA
Fernando Fonseca – Grande Orador da GLEB

Assista a entrevista concedida por Fergi Cavalca à TV Câmara, canal 35 pelo link

http://www.youtube.com/watch?v=HrKPFnfeMzYhttp://www.blogger.com/img/blank.gif

Para adquirir “ARCANOS DA ETERNIDADE” editado e distribuído pela Editora Baraúna oferecemos as seguintes opções:

1) Através do site http://www.editorabarauna.com.br
2) Do link http://livrariabarauna.com.br/arcanos-da-eternidade-misterios-do-reino-de-deus.html
3) Pela Livraria Cultura, fazendo o pedido “in loco” e aguardando chegada.
4) Pela Livraria Saraiva (Também com versão eletrônica) através do site www.livrariasaraiva.com.br.
Acessando qualquer site de busca com 'Fergi Cavalca' ou 'Arcanos da Eternidade' e escolher uma das opções de compra.
O livro ‘Arcanos da Eternidade’ tem suscitado inúmeros comentários positivos de leitores por todo o Brasil. Ajude-nos a divulgá-lo, pois ´e uma obra de cunho místico e esotérico que oferece – além de uma agradável e emocionante leitura - uma mensagem de amor, paz, justiça e perdão, ingredientes tão ausentes nos dias em que vivemos.
Leia e, o mais importante, divulgue para sua lista de contatos.
Um forte e tríplice abraço, Paz Profunda e saúde nas três pontas do triângulo de Luz, Vida e Amor.

sexta-feira, 11 de março de 2011

ORDENS INICIÁTICAS


Analisando a origem da maioria das ordens iniciáticas, percebemos que a sua procedência baseia-se, principalmente, em intentados documentos antigos, quase nunca exibidos, porém citados como autênticos, os quais remetem, geralmente, ao antigo Egito, a instituição das ‘Escolas Sacerdotais de Mistérios’ criadas para prover, de base esotérica, os hierofantes que ali se formavam.
A fundação de ‘escolas’ não tem bases históricas e se perdem no tempo como lendas, fatos que remetem sua criação às diversas dinastias, desde Tutmés II a Amenothep IV; isso passa, forçosamente, por Ahmose, Tuthmose, Hatshepsut, esta era uma rainha, e Amenothep I, II e III, dentre outros. Todos esses faraós foram revestidos como fundadores ou sumo sacerdotes de Ordens que, embora indefinidas, denotam importante fonte de pesquisa para a ciência oculta.
Os nomes mais destacados desse período são o de Hermes, o Trimegisto, uma figura que se confunde com um deus, tanto no Egito (Toth), como na Grécia (Hermes); A ele atribui-se vários textos antigos, como, por exemplo, a ‘Tábua de Esmeraldas’ que contém a chave do hermetismo (esse nome é dado às ciências ocultas em homenagem ao próprio Hermes). Outro destaque no contexto é para o faraó Amenothep IV, que adotou o nome de Akhenaton, fundador da primeira religião monoteísta com registros históricos: o culto a Aton, representado pelo ‘disco solar’. Foi Akhenaton que instituiu a cruz ansata, ou ank (cruz com laço), como símbolo da sua Ordem; o templo foi erguido em El-Armana, no vale do Nilo... Após a sua morte, o filho Tuth-Ank-Aton, o faraó menino, regressou ao antigo culto por imposição dos sacerdotes que desejavam volver à religião antiga. Mudou, então, seu nome para Tuth-Ank-Amon, cujo rico e esplendoroso túmulo foi descoberto na primeira metade do século XX, por Howard Carter e Lord Carnavon, revelando muitos dos segredos daquela antiga civilização.
Existem referências de autores que registram que Soliman conhecido nas escrituras como Salomão e oriundo da Palestina, foi estudante nas ‘Escolas de Mistério’; ao tornar-se rei em Israel, ordenou a construção do Templo de Jerusalém, cuja obra suscitou a lenda que deu origem à maçonaria.
Dentre as várias listas de nomes da antiguidade que são citados pelos autores diversos como integrantes das ‘Escolas de Mistério’, um deles se destaca como quase unanimidade: Pitágoras! Este iniciado trouxe a tradição oriental para o ocidente, criando sua própria escola em Crótona, onde aplicava uma doutrina iniciática aos jovens com um ritual bastante esotérico. Pitágoras percorreu vários locais de estudo do mundo antigo, aprendendo com as obras dos principais expoentes do pensamento oculto, cujos papiros repousavam, muitas vezes intactos, na famosa ‘Biblioteca de Alexandria’.
Na Idade Média, quando o mundo jazia envolto em trevas, período que caracterizou a ‘noite de mil anos’, esse saber passou a ser ministrados de forma velada, de lábios a ouvidos, estabelecendo um pacto de ‘sigilo’ que foi chamado hermetismo. Poucos tinham acesso a esses princípios, pois quem fosse capturado professando doutrinas herméticas, era entregue à sanha dos inquisidores, juízes da Igreja, e torturados para abjurar de sua heresia; depois, na maioria das vezes, supliciados em praça pública pelo martírio do fogo.
A ‘Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão’, conhecida como ‘Ordem do Templo’ ou dos ‘Cavaleiros Templários’, foi uma das primeiras a reviver o processo iniciático durante a Idade Média. Fundada por Hugues de Payens e Godofredo
de Saint-Omer, em 1118 d.C., Dedicava-se à defesa do Templo de Jerusalém dos sarracenos ou mouros, seguidores de Maomé. Versam as lendas que os Templários descobriram segredos, tão importantes, que transformaram a Ordem em uma das mais ricas do Ocidente.
Depois da queda dos Templários, em 1307, outras ordens secretas surgiram, todas reivindicando a mesma raiz egípcia. Uma delas congregava as guildas de pedreiros arquitetos e construtores de catedrais, tendo servido de asilo para inúmeros refugiados egressos da Ordem do Templo e migrados para a Escócia e Portugal. Essas
congregações abrigavam-se em comunidades chamadas ‘Lodges’ (lojas) e, a partir do inicio do século XVIII passaram a ter uma constituição própria com rituais tradicionais que já eram praticados pela colcha de retalhos em que se transformara o ‘ocultismo’ durante as perseguições da Igreja. Esses membros se designaram ‘free-masons’ ou ‘franco-maçons’ cujo significado é ‘pedreiroslivres’.
Em 1614 chega ao conhecimento público um manifesto intitulado ‘Fama Fraternitatis’, contando a epopéia de Christian Rosenkreuz (ver Ain Soph número 4, página 7), um jovem de origem germânica, salvo de uma chacina que levou a vida de seus pais e criado por um monge cátaro, sobrevivente da tragédia albigense; este o leva, junto com quatro outros companheiros em peregrinação por vários países, onde o moço aprendeu as ciências herméticas, tanto teoricamente, como dentro de sua praticidade. Após a morte do monge, Christian continua seus estudos, principalmente entre os
cristãos oriundos dos primitivos gnósticos de Alexandria. Rosenkreuz, depois de várias peripécias, vai parar entre os iniciados espanhóis que formavam uma sociedade chamada ‘Los Alumbrados’; ali aprendeu os rudimentos de uma doutrina que muito o influenciaria em seus estudos; voltando à Alemanha fundou uma escola intitulada ‘Ordem Rosacruz’.
A este manifesto ‘Fama Fraternitatis’ seguiram-se outros dois, nomeados ‘Confessio Fraternitatis’ e ‘Bodas Alquímicas de Christian Rosenkreuz’. A existência ou não de Christian é contestada por muitos, sendo que os escritos atribuídos a ele, segundo alguns, são da autoria de sir Francis Bacon, no século XVII.
O rosacrucianismo foi trazido de volta à humanidade, no século XX, por pelo menos, três grandes expoentes do misticismo ocidental: Spencer Lewis, Sâr Alden, fundador da ‘Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC); Max Heindel, autor do livro
‘Conceito Rosacruz do Cosmo’, que deu origem à ‘Fraternidade Rosacruz’ com conotação cristã; e, finalmente, Arnold Krumm-Heller, o V.M.Huiracocha, fundador da ‘Fraternitas Rosacruciana Antiquas (FRA)’, com orientação gnóstica. Todas essas três
correntes do rosacrucianismo ocidental estão carregadas de ensinamentos morais, místicos e práticos para uma perfeita introdução ao ocultismo.
Existem várias outras denominações de ‘Escolas Secretas’, cada uma com seus processos próprios de iniciação; mas todas exibem raízes oriundas, ou das ‘Escolas de Mistérios’ ou de uma de suas ramificações, como por exemplo, os ‘Cristãos Gnósticos’ de Alexandria, cuja doutrina era baseada no ‘Secreto Evangelho de
Marcos’ e no ‘Evangelho de João’; os dois são objeto de explicações do bispo Clemente em suas ‘stromatas’ e, também, na ‘Pistis Sophia’.
O fato é que, se observarmos bem, essas ’Escolas de Mistérios’ preconizam princípios semelhantes, análogos e dentro da mesma base iniciática.
Para finalizar transcrevo uma historieta, minha preferida, que ilustra tão bem fatos dessa natureza, encerrando o texto: "Um rei manda
construir um moderno observatório astronômico e instala nele
um conceituado sábio para investigar as estrelas. Certo dia, acompanhando
uma comitiva em visita ao estabelecimento pelo qual
possuía um imenso orgulho, pergunta ao velho astrônomo batendo
-lhe, amistosamente, no ombro: "O que há de novo no céu?" Ao que lhe redarguiu o mestre: "Vossa Majestade já conhece o antigo?”

FergiCavalca