CAROS LEITORES

Sejam benvindos
Aqui é o cantinho onde pretendo discutir e desenvolver o melhor conteúdo para uma perfeita comunhão de idéias que nos possibilite crescer e evoluir dentro do contexto universal.


terça-feira, 27 de julho de 2010

Meu Mestre disse:



Fergi Cavalca
Tudo só existe porque existe a consciência! Este é o primeiro principio que nos leva a decifrar as entrelinhas de uma ciência que, quer queira ou quer não, independe de crenças ou de opiniões! Imagine se, no universo, a única centelha consciente se resumisse no bicho homem, esse sujinho de mosca, ínfimo representante de uma insuperável consciência perante um universo de trilhões de galáxias, cada qual com trilhões de sistemas solares que envolvem trilhões de planetas! Imagine o homem como único expoente da sabedoria universal! É claro que isso é apenas uma suposição, por isso não vamos nos encher de purismos psicodélicos. De repente, um meteoro ou sei lá o que, explode esse minúsculo planetazinho chamado Terra! Acabou-se a consciência? O ser que detinha a primazia do conhecimento de si mesmo morreu? Isso significa que o universo desapareceu? Entrou em óbito permanente? Não! Não significa absolutamente isso! Mas qual seria o objetivo do universo já que não existe a consciência que tomará conhecimento dele? Se ninguém sabe de sua existência, então ele não existe, pois a existência ou não de algo se prende, exclusivamente à consciência que temos desse algo!
E se a consciência é a única manifestação que nos dá certeza da existência de tudo, então esse nosso universo é conceptual, pois ele só existe na mente do indivíduo; e a mente, forçosamente, será o único dispositivo capaz de criar! E o que é melhor: do nada!
Nesse momento, ou seja, quando ocorre essa descoberta em nosso íntimo, estamos dando, a nós mesmos, a ciência de nossa própria existência! Isso falando de um grosso modo: É o famoso “Cogito Ergo Sun” (Penso Logo Existo)! Esta é a frase que anima o filósofo a continuar em sua busca, quando consegue definir a plenitude do seu próprio pensamento! E se a mente e o pensamento que nela habita são a única emanação capaz de criar, este é o devir da consciência ao seu principal objetivo: Criar!
Vejamos: Se as obras geradas na mente fértil de poetas, escritores ou músicos, permanecem até hoje desafiando os séculos, o que dizer daquelas criadas por uma Mente Infinita?...
Romeu e Julieta, por exemplo, são criações humanas que sobrevivem até os dias atuais como personalidades reais! Ultrapassaram a condição de personagens; eles possuem até quadros pintados por outros artistas... retratos próprios que lhes emprestam uma forma peculiar e particular de existência!
Na verdade Romeu e Julieta são criações da mente privilegiada de Shakespeare e, muitos outros, também embarcaram na criação original do fabuloso poeta inglês do século XVI! E eles perduram já por cinco séculos!
O mesmo pode-se dizer da obra de um Beethoven, de um Mozart, de um Rembrandt ou um Van Gogh! Observe que, se estas criações nascidas de mentes humanas, portanto imperfeitas, tem essa força imensa que ultrapassa séculos; agora imagine, então, a criação mental de um Ser do qual não podemos, sequer, fazer idéia de sua imensidão. A esse Ser incognoscível só nos resta o recurso de curvar a cabeça em prece para agradecer-Lhe, tomando emprestado um dos nomes com que a humanidade costuma batizá-lo: O Todo, O Cósmico ou, então, Deus. Para os Judeus era o poderoso Criador cujo nome impronunciável é Iod-He-Val-He; na cabala é o inefável Ain Soph.
O Universo é uma criação mental do Todo e, por isso vive e se expande na mente do Todo. Isso é uma afirmação. É aquilo que advém do interior de meu “eu”. A criação ou a destruição de um milhão de universos na mente do Todo se dá em um abrir e fechar de olhos. Quem for capaz de entender isso encontrou o grande segredo: a chave dos ensinamentos herméticos!
Mas a par desse princípio da mentalização existe também, o princípio da correspondência que diz: “O que está em cima e como o que está em baixo e vice versa”! Tudo no universo é análogo e, como vimos o infinitamente grande, passeando por trilhões de galáxias, nós podemos transferir-nos agora para nosso minúsculo organismo assumindo o quase trilhão de células que ele exibe... Segundo os especialistas, só as células nervosas, nossos neurônios, podem somar cem bilhões! E o que dizer dos estudos realizados no interior das células com o DNA, o genoma humano? E o imenso e minúsculo Universo Atômico? Um átomo-grama ou molécula-grama de elemento qualquer possui a bagatela de uma quantidade de átomos ou moléculas cujo número vem seguido, apenas, de vinte e três zeros! Número inimaginável e sem denominação na nossa língua! Macrocosmo ou microcosmo? Ambos mostram a infinita grandeza da mente do Todo, de Deus! E entre eles essa pequena criatura chamada homem; o representativo dos dois gêneros, masculino e feminino e que pode transformar-se em um gigante galáctico ou em um minúsculo verme, dependendo da posição para aonde possam pender seus pensamentos enquanto se coloque perante temas de tão enormes proporções, do lado da criação ou do lado da destruição inconsequente.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ética e Moral



Fergi Cavalca
Muitas vezes ouvimos as pessoas falarem e comentarem sobre ética e moral, como dois fatores preponderantes ao desenvolvimento interior de um indivíduo. Principalmente nos dias de hoje, quando vemos exposta na mídia atitudes, inúmeras vezes condenáveis, de indivíduos que parecem não ter qualquer compromisso com a sociedade ou com os seus semelhantes.
Na verdade a ética é uma parte da filosofia que trata das questões e preceitos relacionados à conduta humana; um conjunto de normas, princípios e regras preconizados ao indivíduo para que ele tenha exemplar comportamento moral e altruístico dentro do meio em que vive. Em suma, podemos definir ética, filosoficamente, como um agrupamento de códigos e procedimentos que fazem parte ou se relacionam aos valores morais, à decência e que se aplicam ao espírito humano de modo absoluto, em qualquer tempo ou lugar.
A moral é o comportamento individual que situa o ser humano em sua trajetória terrestre. Geralmente a moral está intimamente ligada ao conceito maniqueísta de virtude e vicio, de bem e mal, de mocinho e bandido, de crime e castigo... Entretanto, ela é muito mais do que isso! Uma moral elevada é o comportamento desejável para qualquer cidadão; e não se resume apenas no cumprimento das leis estabelecidas para definir um homem de bem dentro da sociedade! A moral está ligada, sobretudo à consciência.
O universo é mente e, se é mente é consciência! A evolução espiritual é, sem dúvidas, conceptual.
Outro dia, em meio a elucubrações filosóficas que nos impelem a pensar usando a arma do ocultista, a analogia, iniciamos a nossa divagação traçando um paralelo entre uma célula de nosso corpo, minúscula, microscópica porção de vida que depende de nossa vontade para sobreviver e o universo infinito; através de nosso desejo ela, a célula, recebe alimento, glicose para queima e manutenção da temperatura, já que somos animais homeotérmicos; recebe ainda o oxigênio que alimenta a combustão; através da corrente sanguínea e dos pulmões elimina o gás carbônico e os resíduos tóxicos de nosso organismo, num perfeito sistema que engloba os rins, as glândulas sudoríparas, o intestino grosso e delgado, além do fígado e outros órgãos que compõe nossa condição animal e individual. Então, para aquela pequenina célula assumimos a posição, embora inconsciente, do Criador.
A celulazinha também possui a sua consciência, pois nasce e se alimenta, reproduz-se e morre; e juntando-se a outras células semelhantes forma uma comunidade que chamamos tecido. Os tecidos, por sua vez, agrupam-se formando os órgãos; vários órgãos com funções específicas dão origem a um aparelho e os aparelhos compõem o organismo. O organismo empresta-nos a consciência do eu, a individualidade que garante a existência da pequena célula.
Por outro lado, saindo do micro e começando a penetrar no macro, a união das individualidades, células pequeninas da sociedade formam a comunidade que chamamos a família; as famílias reunem-se formando o bairro; vários bairros dão origem à cidade e várias cidades ao estado; os estados são a base do país e os países a da humanidade, ou melhor, do conjunto de vida consciente que habita o planeta.
E então perguntamos: O que é mais importante, a pequenina célula localizada em uma extremidade esquecida ou o organismo consciente? Apesar de a célula ser importante, o organismo se sobrepõe. E então, por analogia, concluimos o seguinte: A humanidade, que é o organismo representado pelo macro, é mais importante do que o indivíduo, que é o organismo representativo do micro, da célula, a unidade da vida.
Mas da mesma forma que uma célula deformada e doente pode colocar em risco todo o organismo, uma individualidade sem o caráter, a ética ou a moral poderá ser um câncer para toda a humanidade. “O que está embaixo é como o que está em cima; e o que está em cima é como o que está em baixo, para que se cumpram os milagres da unidade”.
A transmutação interior, o ato de polir a “pedra bruta”, a alquimia mental de transformar o chumbo das paixões no ouro das virtudes, é fundamental nesse processo de contribuição simbiótica que produzimos com a humanidade; o objetivo é melhorar o planeta, fisicamente, moralmente e eticamente.
Hoje em dia, as noticias que adentram nossos lares, de violência, sexo, drogas, guerras ou outras atrocidades que são cometidas a cada segundo pelos quatro cantos do mundo, nos dão a certeza de que o planeta está profundamente doente. E está doente porque nós as células do imenso organismo humano estamos doentes, deformadas, ulceradas, cancerosas...
Por isso urge que a minoria que ainda acredita nos valores do homem como ser supremo da criação, prossiga lutando pelos ideais de paz, amor, justiça e perdão e juntando seus pensamentos uníssonos para formar uma grande egrégora que englobe a renovação do caráter da individualidade componente do imenso organismo humano.

domingo, 25 de julho de 2010

Uma Sombra




Fergi Cavalca

Estava posto em silencio,
Em prece, em oração...
Quando u'a mão me tocou
Nos ombros suavemente.
Vislumbrei, ou só senti
Um vulto, lembrando um véu
Tênue, diáfano, leve...
Entretanto, tinha olhos
E estes me verrumavam
No âmago de minh'alma.

Lendo meus pensamentos,
Mergulhando em meu espírito,
Espalhou pelo meu corpo
Fluidos mornos, sadios.
Não senti medo da sombra
Pois sua presença, cálida,
Mostrava que vinha apenas
Satisfazer-me a vontade,
Pois era pelos coitados
Que eu orava ao pé da cruz.

-- Vem comigo -- disse o vulto,
E tomando das minhas mãos,
Juntos alçamos vôo
Em busca do infinito.
Trêmulo, receioso,
Cheio de ânsiedade,
Segui o fantasma. E corria
Com a rapidez do pensamento,
Que das coisas que existem
É a mais veloz, mais sublime...

Subimos sobre a cidade,
Mas a cidade dos mortos...
Uma atroz melancolia
Carregada de tristeza,
Eivada de amarguras,
Constrangia o coração.
Escuridão e abandono
Nas avenidas estranhas,
Onde os mortos desfilavam
Ao som de roucos lamentos.

Não havia um vivente!
E todos que ali estavam,
alguma dor carregavam
Dentro das suas almas.
Homens velhos ou mulheres,
Jovens, meninos, adultos,
De seus semblantes marcados,
De seus suspiros profundos,
A mágoa e o desespero
Brotavam expontaneamente.

Era noite e pelos becos,
Retorciam-se as sombras!
E seus gemidos pungentes
Subiam aos nossos ouvidos.
Senti um nó na garganta,
Meu coração se indagava:
-- Porque este sofrimento
Tão cruel, tão doloroso,
Que brota do peito fundo
Deste seres desgraçados?

Respondeu-me o espectro
Com a voz profunda e grave:
-- São eles a dor do mundo!
Em cada guerra que cresce,
Em cada crime que nasce,
Nas violências da vida,
Na crueldade do homem,
No jugo, na tirania,
Que ferem a liberdade
Como satânico algoz.

-- Nos caminhos sem amor,
Do engano e da hipocrisia,
Da perfídia e traição,
Da avareza e da inveja,
Do orgulho e da vaidade,
Estes seres doloridos,
Fizeram de suas vidas
Pelo livre arbítrio da alma,
Seu inferno, sua mágoa,
Suas lágrimas, seu castigo.

--Apenas suas consciências
Os põe neste sofrimento!
O remorso ao ver perdido
O tempo de suas vidas!
Mas agora, enquanto choram,
Liberam seus sentimentos.
E se arrependem! Por isso
Nova chance, nova vida,
Será por fim concedida
Para então se redimirem.

-- A Lei da Causalidade,
Tão sublime e verdadeira,
Atrela a seus destinos
O Carma que foi traçado.
Mas outra oportunidade
Renova os votos que um dia
Juraram cumprir na Terra.
É a grandeza de Deus
Manifesta na benção
Maior da reencarnação.

-- Cada alma que procura
Sair destas ânsias vãs,
Vai em busca de virtudes,
De paz profunda e Amor.
Aprende na alquimia
Que purifica seu íntimo,
Que a dor também é cadinho.
Fusão de Alma e Amor
Trazem a felicidade
Da esperança e dos sonhos.

-- É preciso que no íntimo
Cada ser que evolui,
Sinta a grande verdade
Que se mostra nas lições.
Deus é o maestro que rege
Com as leis da natureza,
A orquestra universal.
Mas não esquece de nada,
Seja homem ou animal,
Vegetal ou mineral.

Nesta cidade de dores
Só ficam os arrependidos.
Os que lavaram em lágrimas
Sinceras do coração,
Os erros já cometidos.
O remorso os guiará
Para nova chance, talvez.
Aqui eles pedem perdão
E vão receber justiça
Na bênção da nova vida.

Vão ter oportunidades
De resgatar suas faltas.
Porém, muitos se perdem
No rumo de seus caminhos.
O sofrimento de agora
Breve será esquecido.
E a nova oportunidade
Transformar-se-á em dívida,
Que somada a outras dívidas
Formam o Carma do homem.

Somente pela virtude
Poderão ser ressarcidos
No tempo do vir-a-ser.
Por grande amor ao próximo,
Nas bases da Caridade,
Construirão uma aura
Mais luminosa e sadia.
Isso trará melhor sorte,
Menos débito, mais haver,
Na conta que vão prestar.

E assim falou o Anjo,
Pousando-me novamente
Na cadeira onde a prece
Eu elevara ao além.
As lágrimas escorriam
pelo meu rosto marcado.
Não seria mais o mesmo
Pois tinha visto com a alma
A dor e a consolação
Que carregamos na vida.

sábado, 24 de julho de 2010

Espiritualidade



Espiritualidade

Dentro da maioria das doutrinas religiosas e filosóficas, o homem é, na sua essência, um ser dual, isto é, formado por duas partes distintas: Corpo e Espírito.
O corpo é a parte material dependente das Leis Universais fixadas e estabelecidas para a sobrevivência e a satisfação de suas necessidades fisiológicas essenciais. Ele possui desejos e vontades que são ditados pelo instinto e paixões. Estes são alguns dos impulsos inerentes à vontade humana; diuturnamente, o corpo está sendo estudado, exaustivamente, por médicos, fisiologistas e cientistas e, salvo a complexidade de alguns órgãos, vai sendo decifrado e catalogado, através de programas extremamente complexos, como o genoma que mapeia o DNA humano, e ainda outras descobertas importantes para o entendimento do intrincado processo físico que se dispensa a esse estágio.
A ciência, através da psicanálise, da psicologia ou da psiquiatria, tenta entender a mente, procurando transferir para o cérebro a atividade psíquica total do indivíduo. Realmente o cérebro, como sede do pensamento, está fisicamente ligado ao perfeito equilíbrio mental aparente de cada ser humano.
O homem, porém, desenvolve paralelamente às suas atividades físicas, sentimentos que brotam, inexplicavelmente, de escaninhos muito mais profundos e que obedecem a outras Leis, diferentes daquelas que definem o Universo Material. Estas Leis estão muito mais ligadas ao livre arbítrio, à capacidade de escolha que cada um possui do que, simplesmente, a reações físicas provenientes do corpo. A consciência, em nosso planeta, é prerrogativa do homem. Ele é o único ser que evolui mentalmente, não só assimilando de fora para dentro e, desta forma adquirindo o conhecimento e a cultura, mas, também, de dentro para fora, desenvolvendo a sabedoria; esta segunda é a mais importante para o desenvolvimento de unma outra característica: O Espírito.
Chamamos espiritualidade ao desabrochar dos sentimentos elevados que suscitam as virtudes, que desabrocham no espírito através do livre arbítrio. São essas virtudes que formam o caráter e elevam os pensamentos aos melhores e mais altos níveis de pureza e glória, verdadeira dimensão de nossa grandiosidade Divina.
Jesus, o Cristo Cósmico que veio a Terra com a missão de dar ao homem a fórmula básica de sua verdadeira evolução na caminhada universal, nos mostra, nas entrelinhas de sua doutrina esotérica, que até hoje ainda não foi percebida pela maioria, verdades incontestes.
É assim que o Mestre, em sua belíssima passagen descrita no Sermão da Montanha, diz àqueles que têm ouvidos para ouvir:
“Perdoai os vossos inimigos! Porque se perdoardes somente aos que vos amam, que mérito tereis?”. E mais à frente: “Quando atingirem a tua face direita dá também a esquerda”... “Quando te pedirem a capa entrega também a túnica... Quando alguém te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele outros mil a mais”...
Isto nos mostra, exatamente, a dimensão conceptual do livre arbítrio. Por nossa natureza física e material, somos seres completamente instintivos! É a nossa parte animal, fisiológica e irracional. Quando alguém nos agride, a primeira reação é o revide! Mas o livre arbítrio nos concede o raciocínio; e o raciocínio nos dá a escolha do revide ou do perdão. Se escolhermos o revide, nossa natureza animal e material se sobrepujou! Se escolhermos o perdão, venceu em nós a espiritualidade, a vontade sublime, a alma consciente, centelha de nossa natureza divina.
E, nesse momento, percebemos que: Se para a matéria que forma o nosso corpo as Leis são as da coesão ou do movimento, para a evolução do espírito, parte imortal de nosso ser, a Lei é o Amor; Amor grafado com maiúscula, fonte de perdão, o ápice de nosso livre arbítrio exercendo sua influência diretamente sobre o espírito.
Espiritualidade é, portanto, desenvolver no íntimo o Amor como forma e orientação de vida. “Amar ao próximo como a si mesmo”. Difícil? Ninguém falou que era fácil! Por isso mesmo, chama-se evolução da alma, ou melhor, ascensão na escalada da vida! Quando conseguimos sobrepujar nossas paixões materiais com o sublime Amor espiritual, Lei que rege o infinito mundo da consciência, venceu a virtude! Amor é atributo Divino! Necessário, principalmente nesse momento de dores e paixões, onde o sofrimento da fome, das guerras, da violência excessiva, da adulteração das virtudes, do fortalecimento dos vícios, que envolve a humanidade... Amor é a centelha que ilumina a Noite Negra da alma e traz paz ao torvelinho passional de nossa fugaz existência.
Que a Energia proveniente do Cristo Cósmico, centelha de Luz que viaja eternamente pelo Universo Infinito, banhe nossa alma espargindo o Amor Universal que precisamos para podermos caminhar, evolutivamente, em nossa trilha de ascensão espiritual.

Fergi Cavalca

Um pouco de ocultismo



Às vezes somos simples pardais, mas nos propomos a voar com asas de águia. De certa forma, isso não é ruim, só que é necessário tomar o remédio seguindo a receita. Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelso, dizia com propriedade: “dozem facit venenum”. E dentro do ocultismo essa sábia sentença pode ser comprovada amiúde.
O que podemos concluir é que os ensinamentos secretos emanam de uma fonte única que esparge sobre os iniciados os segredos da formação dos mundos. Afinal, “o que está em cima é como o que está em baixo e vice-versa”.
Na sabedoria de João, o quarto evangelho se inicia com a frase: “No principio era o verbo...” e em eons de tempo tudo se foi plasmando através da pronúncia do nome inscrito no Tetragramaton, na Mente Infinita do inefável Ain Soph, Yah, Eterno Sebaoth, Deus de Israel, Deus Vivo, Deus Onipotente, Elevado, Sublime, Vivendo na Eternidade e cujo Nome é Santo, o impronunciável IOD-HE-VAU-HE.
Palavras de prudência, construtivas e plenas como tudo o que provém da sabedoria oculta milenar que nos foi legada de boca a boca, de ouvido a ouvido, independente do nome que flutua no frontispício de cada escola hermética. Na senda não existe escola: Existem atos de amor que elevam cada indivíduo.
Belos e expressivos são os exemplos do mestre e, cada vez mais, me certifico da maravilhosa simplicidade existente entre esses ensinamentos que se manifestam com o mesmo teor e profundidade em todas as variantes da mesma fonte única, e por isso mesmo uma vibração universal e proveniente da emanação que a remeteu à terra através dos caminhos interiores do homem; isso proporciona a nós, mortais imortais, um ínfimo instante da Luz Cósmica proveniente do Todo.
O mais curioso é que todo o conhecimento pode ser descrito em pouquíssimas palavras, mas devido ao embotamento de nossos sentidos, tanto físicos como psíquicos, necessitamos de compêndios, de muitíssimas instruções para entender o que já está implícito em nós mesmos, no nosso interior, na nossa natureza divina...
A sabedoria expressa vinte séculos antes de Jesus e transmitida oralmente de mestre a discípulo nas iniciações esotéricas pelos milênios afora, nos diz: “Ó, não deixeis apagar a chama mantida de século em século, nesta caverna obscura, neste Templo Sagrado! Sustentada por puros Ministros do Amor!
Não deixeis jamais apagar esta Divina Chama!”
As palavras abaixo flutuam como dísticos herméticos:
"Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento."
"Em qualquer lugar que estejam os vestígios do Mestre, os ouvidos daquele que estiver preparado para receber o seu Ensinamento se abrirão completamente".
"Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para enchê-los com Sabedoria."

Os sete princípios do conhecimento oculto.

"Os Princípios são Sete; aquele que os conhece perfeitamente possui a Chave Mágica com a qual todas as Portas do Templo podem ser abertas completamente."
1) O TODO EM TUDO
"Enquanto Tudo está n'O TODO, é também verdade que O TODO está em Tudo. Aquele que compreende realmente esta verdade alcançou o grande conhecimento:" O Universo é mental. Isso porque a única coisa capaz de criar do nada é o pensamento. "Cogito, ergo Sun", exclama o filósofo quando percebe sua dúvida em relação à sua própria existência. E é no pensamento que ele, afinal, encontra a comprovação da existência: "Penso, logo existo!"
2) A CORRESPONDÊNCIA
Essa é uma das mais importantes ferramentas do místico: “O que está em cima é como o que está em baixo; e o que está em baixo é como o que está em cima; para que se cumpram todos os milagres da Unidade"... É a analogia que o sábio consegue vislumbrar! Observe que do imenso espaço cósmico, composto de trilhões e trilhões de estrelas, galáxias, planetas, cometas e astros das mais diversas formas e tamanhos, passamos, também, pelo organismo humano (e por analogia qualquer organismo vivo) com trilhões de células (somente as nervosas, ou seja, os neurônios, somam um número próximo de cem bilhões) e atingindo o imensamente pequeno mundo atômico, onde um átomo (ou molécula) grama possui um número de átomos (ou moléculas) seguido por vinte e três zeros (sextilhões, talvez),ou seja, um número impronunciável... e aí, nós na pequenez de nossos parcos conhecimentos, curvamos então nossas cabeças ao Todo e procuramos enxergar a fabulosa analogia fundamental entre o macro e o micro, ambos na sua majestosa pujança.
3) A VIBRAÇÃO
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra." Movimento é energia! E energia engloba tudo o que existe no universo material e, por analogia, nos universos psíquicos, mentais ou outros que, por acaso possam existir. Energia que não pode ser criada nem destruida, apenas poderá ser transformada a partir de suas formas potenciais. Estudando o espectro eletromagnético, percebemos que cada forma energética é decorrência da frequência e do período das ondas emitidas. Frequência é o número de ondas por unidade de tempo (hora, minuto ou segundo); Período é o tempo que a onda leva para percorrer um ciclo; está relacionado ao comprimento. O comprimento da onda poderá variar de metros (ondas de rádio frequência, por exemplo) até décimos de ângstrons; o ângstron é a décima bilhonésima parte do metro. Portanto um décimo de angstron corresponde a um número cem bilhões de vezes menor do que um metro (comprimento de onda dos raios gama, por exemplo). Das ondas de rádio aos raios gama, passando pelas microondas, pelo infravermelho, pela luz visivel, pela região do ultravioleta e pelos raios X, tudo vibra. Átomos e moléculas vibram para definir seus estados físicos classificando-os em sólidos líquidos ou gasosos, de acordo com o nível de agitação que os corpos ou a substância demonstrem na sua estrutura atômica ou molecular. Portanto tudo no universo é vibração e, mais uma vez, "o que está em cima é como o que está em baixo..."
4) A POLARIDADE
"Tudo é duplo; tudo tem dois pólos; tudo tem seu par de opostos; o semelhante e o dessemelhante são uma só coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados." E isso nos mostra o sentido do dualismo que se completa na síntese do ternario: O equilibrio atingido após a tese e a antítese.
5) O RITMO
"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; A medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação." Esta é mais uma nuance do principio da correspondência: "o que está em cima é como o que está em baixo.
6) CAUSA E EFEITO
"Toda Causa tem seu Efeito; todo Efeito tem sua Causa; todas as coisas acontecem de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei." Esse principio mostra a ação e reação, dando ao Todo Universal uma conotação científica baseada no princípio físico de que cada ação corresponde a uma reação de igual intensidade e de sentido contrário. Segundo William Walter Atkinson, o Yogue Ramacharaca, escritor do século passado, "os pensamentos são coisas". Recentemente lemos em um Best-Seller internacional que a mente (nous, em grego) é capaz de criar e plasmar situações, criando o que hoje conhecemos como "ciência noética". Esse fato, que atualmente é estudado em universidades pelo mundo, é do conhecimento do ocultista há quarenta séculos.
7) O GÊNERO
"O Gênero está em tudo; tudo tem os seus Princípios Masculino e Feminino; o Gênero se manifesta em todos os planos." Isso nos remete ao principio da polaridade que mencionamos acima. Como existem dois polos em todas as manifestações, isso também se manifesta e reflete no principio do gênero.
O texto abaixo é transcrito de diversas passagens do CAIBALION:
Sob as aparências do Universo, do Tempo e do Espaço e da Mobilidade, está sempre encoberta a Realidade Substancial: a Verdade fundamental.
Aquele que é a Verdade Fundamental, a Realidade Substancial, está fora de uma verdadeira denominação, mas o sábio chama-o O TODO.
Na sua Essência, O TODO é INCOGNOSCIVEL.
Mas os testemunhos da Razão devem ser hospitaleiramente recebidos e tratados com respeito.
O Universo é Mental: ele está dentro da mente d'O TODO.
O TODO cria na sua Mente infinita inumeráveis Universos, que existem por eons de Tempo; e contudo, para O TODO, a criação, o desenvolvimento, o declínio e a morte de um milhão de Universos é como que o tempo do pestanejar dum olho.
A Mente Infinita d'O TODO é a matriz dos Universos.
Dentro da Mente Pai-Mãe, o filho mortal está na sua morada.
Não há nenhum órfão de Pai ou de Mãe no Universo."

Os falsos sábios, reconhecendo a irrealidade comparativa do Universo, imaginaram que podiam transgredir as suas Leis: estes tais são vãos e presunçosos loucos; eles se quebram na rocha e são feitos em pedaços pelos elementos, por causa da sua loucura. O verdadeiro sábio, conhecendo a natureza do Universo, emprega a Lei contra as leis, o superior contra o inferior; e pela Arte da Alquimia transmuta aquilo que é desagradável no que é agradável e deste modo triunfa. O Domínio não consiste em sonhos anormais, em visões, em vida e imaginações fantásticas, mas sim no emprego das forças superiores contra as inferiores, escapando assim das penas dos planos inferiores pela vibração nos superiores. A Transmutação não é uma denegação presunçosa, é a arma ofensiva do Mestre.

Como podemos observar, o conhecimento vem muito mais do raciocínio analógico que podemos definir no "Princípio da Correspondência". Certa viz li uma anedota, não me lembro onde, que dizia mais ou menos assim:
“Um rei antigo e sábio, amante da ciência e do conhecimento, mandou construir um observatório em seu reino com as últimas novidades em equipamentos para investigar o espaço cósmico. Instalou ali um astrônomo, velho sábio que, tal como Ahmed, fuçava alfarrábios escrutinando os fenômenos da natureza. Certo dia, estando o rei acompanhado de muitos nobres em visita ao observatório pelo qual tinha grande carinho, aproxima-se amistosamente do velho astrônomo e, dando-lhe uma tapinha no ombro, pergunta: -- O que há de novo no céu? Ao que o mestre, olhando-o com bondade, responde: -- Vossa Majestade já conhece o antigo?”

Portanto concluo esse trabalho dizendo: O que está em cima é como o que está em baixo e vice-versa, pois não há nada de novo no céu.

Fergi Cavalca