CAROS LEITORES

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Aqui é o cantinho onde pretendo discutir e desenvolver o melhor conteúdo para uma perfeita comunhão de idéias que nos possibilite crescer e evoluir dentro do contexto universal.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vidas passadas? O que é isso?


Um assunto que vem ocupando a mídia, inclusive como tema de filmes e novelas, é a
‘terapia de vidas passadas’ — ou TVP — também conhecida como ‘regressão de memória’.
A TVP é um procedimento terapêutico que se utiliza de um fenômeno
parapsicológico que exibe as vivências retrocognitivas com finalidades terapêuticas e evolutivas.
O processo acontece por indução do paciente a um estado de consciência profundo que lhe permite recordar — ou reviver — passagens de suas vidas passadas; a partir daí, ele terá a oportunidade de se utilizar de tais experiências em favor de uma superação, resolução ou melhoria de seus problemas, tais como, depressão medos inexplicáveis ou síndromes de caráter psíquico, bem como, outras dificuldades do mesmo teor.
A TVP pode ser realizada com a ajuda da hipnose, mas a maioria dos experimentadores prefere não se utilizar dessa técnica. A psicoterapia reencarnacionista, por exemplo, prefere induzir a um relaxamento profundo através de vocalização monotônica, mas sem atingir o transe hipnótico, apesar de que essa técnica é uma das ferramentas utilizadas em hipnotismo.
Para obter sucesso com a TVP, é necessário que, tanto o paciente como o agente, estejam imbuídos da sobrevivência da alma e que esta pré-existe ao corpo; consequentemente, essa existência pode se refletir e afetar a vida atual.
A teoria de base no qual se assenta a TVP é ancorada na "hipótese do corpo objetivo", onde a consciência se manifesta através de múltiplos veículos, sendo que o corpo físico é somente um deles e que outros provêm de fatos anteriores ao nascimento do indivíduo.
Na verdade admite-se que um corpo astral ou ‘perispírito’ forme um conjunto dual com o ser humano. Este ‘segundo corpo’ vem sendo estudado há muito tempo, tanto por cientistas pesquisadores, quanto por místicos, filósofos e buscadores que trilham as sendas esotéricas.
Independente da realidade ou não dessas memórias e do embasamento científico -
ou não - de tantas técnicas, a verdade é que a TVP tem obtido resultados extremamente favoráveis e, atualmente, já faz parte dos processos terapêuticos como uma poderosa ferramenta de diagnóstico para vários desarranjos psíquicos.
Inúmeros profissionais da medicina, tanto em países como EUA, Inglaterra ou outros da comunidade européia como, também, no Brasil e países em desenvolvimento, psicólogos, psiquiatras, psicoterapeutas ou parapsicólogos, estão a cada dia, engrossando as fileiras dos que se utilizam com sucesso desse método auxiliar, que tanta eficácia já demonstra em tratamentos do comportamento psicológico humano. Ao mesmo tempo, líderes religiosos de doutrinas

espiritualistas e esotéricas, também se arvoram em defensores ferrenhos da TVP, explicando, à luz de suas religiões, o fenômeno que demonstra a grande possibilidade de comprovação do dogma da reencarnação. Sobre isso, diz o Livro dos Espíritos, de autoria de Allan Kardec, um dos pilares da codificação espírita, que: ― “Ao entrar na vida corporal, o Espírito perde, momentaneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as ocultasse; entretanto, às vezes, tem uma vaga consciência disso e elas podem até mesmo lhe ser reveladas em algumas circunstâncias.
Mas é apenas pela vontade dos Espíritos Superiores que o fazem espontaneamente, com
um objetivo útil e nunca para satisfazer uma curiosidade vã.”Isso nos recorda que a lembrança dos fatos, não apenas de outras vidas, mas mesmo de nossa infância, não é coisa fácil ou corriqueira; às vezes ‘esprememos’ o crânio em busca de recordações e estas teimam, quase sempre em não nos contemplar, deixando-nos frustrados.

Na verdade, o sentido de reencarnação explica, sem sombra de dúvidas, algumas das questões mais cruciais que costumamos formular; dizia Jesus a Nicodemos, em João: “O vento sopra, mas não sabeis donde ele vem...”
Através da reencarnação as qualidades inatas de alguns ‘meninos-prodígios’ que nos surpreendem com dons inexplicáveis, como por exemplo, música, pintura, facilidade em cálculos, etc, ficam mais fáceis de serem entendidas. Aqui faço um parêntese para exprimir uma opinião: acho importante que o estudo da reencarnação deixe de fazer parte de dogmas religiosos e comece a ser encarado pela ciência de uma forma séria. Afinal se comprovada, a reencarnação torna-se algo que independe de crença, substituindo o "crer ou não crer" por "ser ou não ser".
De qualquer forma, nosso objetivo’ é trazer à baila um assunto que suscita a necessidade de busca e ampliação de conhecimentos; instruir-se é meta do verdadeiro ocultista; este sempre adentra a senda, sem qualquer preconceito, à procura de explicações convincentes que induzam à sabedoria. Para terminarmos nosso pequeno artigo, voltamos como sempre o fazemos, a recordar o princípio hermético da correspondência: ‘... o que está embaixo é como o que está em cima e, o que está em cima é como o que está embaixo, para que se cumpram os milagres da unidade...'

Fergi Cavalca


quarta-feira, 3 de novembro de 2010



MEU MESTRE DISSE:
O Mestre parou e, sentando-se a uma pedra no meio do caminho (que não era a mesma de Drumond), reuniu à sua volta os discípulos que o acompanhavam nessa jornada e, com voz profunda e solene, falou assim:
“Meus amados, já reparastes que sempre exorto-vos a meditar, classificando o pensamento como a forma mais importante da diferenciação humana na vida material: ‘Quando refletimos nos valores éticos e morais que nos norteiam, estamos nos sublimando, deixando nossa natureza animal de lado, e pondo em prática todo o diferencial que possuímos; esse diferencial é que nos dá o status de “obra máxima da criação”. Isso no que se refere ao planeta terra, pois, como sabemos, somos, ainda, seres profundamente imperfeitos; mesmo assim conseguimos pressentir, ou até mesmo lobrigar, a existência de criaturas muito mais desenvolvidas que habitam o nosso universo em planos diferenciados.
‘Esse fato nos coloca no ponto exato que deveremos ocupar doravante para percorrer o extenso caminho da evolução que se projeta rumo ao futuro. Quem conhece um pouco a senda, sabe que ainda estamos no limiar; entretanto, prestes a prosseguir e, para tal já demos o o primeiro passo.
‘Jesus, o Divino Mestre que nos mostrou os Mistérios do Reino de Deus, caminho iniciático que sustenta o homem para o grande encontro místico com o Cristo Cósmico, nos indica que devemos caminhar lado a lado com a grande virtude expressa como o maior mandamento: O amor ao próximo! E esse amor é, sem qualquer sombra de dúvida, uma grande mola propulsora da humanidade; essa mola, porém, encontra-se encolhida: Sua energia é apenas potencial, pois o ser humano, na verdade, continua refratário aos ensinamentos dos Mestres.
‘Por sua condição de grande virtude divina, o amor deveria sempre fazer parte sistemática da natureza, dos atos e das palavras de cada individuo pensante, não apenas do buscador, mas de toda a humanidade. Infelizmente a humanidade ainda encontra-se aquém desses belos ensinamentos que, há mais de dois mil anos, paira esquecido pelo bicho homem.
‘Mas, desejosos de ver a luz, alguns discípulos chegam a mim a perguntam: “Mestre, o que poderemos fazer para transformar o pensamento humano? Como poderemos contribuir com o progresso espiritual da humanidade?
E eu vos respondo:
“Estudai, instruí-vos, aprendei, para que com o conhecimento adquirido, possais ensinar e esclarecer, levando a luz onde antes havia a treva.
‘E para podermos construir um mundo melhor e mais justo, tornar-se-á necessário, imprescindível mesmo, que cada homem, cada célula motora desse enorme organismo terrestre cumpra o seu papel primordial: O de educar através da virtude, seja materialmente ou no âmbito mental! Percorrer todos os escaninhos onde nossas personalidades-alma guardam paixões que precisam ser substituídas por virtudes.
‘A transmutação alquímica da alma, deixando de lado a ganga das impurezas para se sublimar no metal precioso, a água transformada em vinho nas talhas de pedra do nosso coração. É essa a receita que devemos buscar com confiança e vontade, sublimando o amor ao próximo como a meta a ser alcançada nesse planeta tão cheio de desigualdades e dor”
Levantando-se, o mestre abraçou cada um de seus discípulos e, apoiado em seu bastão prosseguiu o caminho pelos meandros da vida.
Ficou-nos uma profunda lição:
Nós, os buscadores que percorremos a senda, temos a obrigação de caminhar lado a lado com o nosso próximo, buscando ensinar àqueles que ainda, ou por medo ou por ignorância, não conseguiram captar a grande mensagem do Cristo Cósmico: “Ame a Deus sobre todas as coisas e, ao próximo como a ti mesmo. Nesse mandamento está contida toda a Lei e os Profetas”.
Que a luz que vem do oriente possa espargir seus raios místicos de conhecimento, sobre a mente dos homens de boa vontade.

sábado, 2 de outubro de 2010



MEU MESTRE DISSE:

Um dia meu mestre contou-me a história que passo a relatar abaixo:
“Gwin Yordan, o mago da Floresta Negra, apoiado em seu cajado de teixo, a árvore que exala um veneno sutil, galgava o pequeno, mas íngreme penhasco encravado na falda do monte; buscava ele o aconchego da “sua” caverna preferida, o recanto sombrio onde no silencio de sua solidão conjurava os elementos misturando fórmulas e obtendo poções.
Gwin precisava obter da Awen, o “espírito que flui através de nós”, o estado extático do transe para entrar em contato com o Todo e obter as explicações que serviriam para fortalecer, tanto seu corpo, como a sua fé.
A magia lhe trouxera efeitos miraculosos que o encheram de orgulho na comunidade onde vivia; perante os homens era admirado por sua sabedoria, pelas curas fantásticas, pelos efeitos surpreendentes que obtinha e, também, pela facilidade com que explicava os fenômenos da natureza.
Mas faltava a Gwin alguma coisa para completar seu aprendizado mágico! Talvez fosse a humildade! Quem sabe? Sem dúvida essa é a qualidade fundamental para aquele peregrino que caminha na senda em busca de novos horizontes.
Gwin penetrou o interior da caverna. Vinha à procura de si mesmo; do conselho oportuno para a complementação de seus estudos.
Acendendo o fogo na pira de pedra que escavara para dar consistência maior aos seus rituais, deixou que a luz bruxuleante o elemento vivo, do formador e regenerador da matéria, a luz que traz o conhecimento ao espírito, se espalhasse por toda a caverna. E então postou-se no centro do círculo traçado no chão; espalhou à sua volta os objetos simbólicos e representativos dos elementos. Retirou de um estojo a espada, a pena, o cálice e algumas moedas. O bastão dificilmente deixava a sua mão direita. Era o próprio cajado no qual se apoiava em todos os momentos.
E então Gwin abriu os braços e ergueu-os para o alto pedindo a presença das forças elementais do Universo, conjurando os “devas” que habitam o éter, sempre empunhando seu bastão feito da árvore do ocidente, aquela que exprime o ocaso, o pôr-do-sol, a morte; o símbolo da caverna encravada na terra na qual o homem profano morre para dar vida ao buscador eterno.
Jatos de luz brotaram do topo do poderoso amuleto e, na penumbra bruxuleante do recinto escavado na rocha, um ser tomou forma e materializou-se à sua frente! Não era homem ou mulher; não tinha sexo que o definisse nem forma que fornecesse qualificação; apenas uma sombra!
Era a Awen fluindo a sua natureza etérea retirada do eu secreto do mago naquela caverna obscura! E ante a indagação muda de Gwin que interrogava a sombra com uma expressão enigmática que lhe modificava o semblante, a aparição assim lhe falou:
“Pardal, tu que queres voar com as asas da águia, detém teu vôo e arrefece tua arrogância perante os mistérios do mundo! Pratica em ti mesmo a fundamental virtude da humildade! Arremessa para longe de ti esses arroubos da vaidade que sinto brotar na profundidade do teu inconsciente! Neste instante pedes o conhecimento ancestral, sem entenderes, ainda, que a tua alma é a manifestação de uma emanação muito maior do que tu mesmo e que exprime toda a realidade substancial do Universo; ela, a tua alma, permanece presa aos grilhões forjados pelos vícios, emanações profundas de nossa personalidade e insensível ao apelo de Deus. Olha para dentro de ti e apercebe-te do espírito que habita teu corpo; com o discernimento que já possuis, deves levar o teu espírito para passear pelos campos e sorver da pura emanação que se esparge sobre a terra; é junto com a natureza, no interior das matas, na beira dos regatos, junto às cascatas, ouvindo o sibilar dos ventos e o fervilhar da chuva que encontrarás as respostas do teu ego; repara que no teu interior que a mudança é sagrada; ela é tão integral às tradições antigas quanto aos ciclos que se formam através das forças naturais; estuda em cada manifestação a lição que o Todo te exibe, seja nas fases da lua, seja no fluxo e refluxo das marés, seja na primavera, no verão, no outono ou no inverno”.
“Pedes o conhecimento do passado e do futuro, continuou a sombra, mas esqueces que o espaço e o tempo formam a dimensão onde habitam esses dois senhores; deles advêm o presente, escaninho do teu tempo onde moram os teus atos atuais. E a responsabilidade deles é tua! Age conforme a tua consciência exige, empregando os nobres ensinamentos que tua condição intelectual te permite possuir. Esta é a síntese do conhecimento que pedes e que a caverna, o símbolo da iniciação esotérica te responde, transmitindo-te a oportunidade de ressurreição para a vida eterna”
“Ao terminar esta exortação a luz que emanava do cajado de teixo se extinguiu e Gwin achou-se novamente só. Dobrando os joelhos prostrou-se humildemente e lágrimas de agradecimento rolaram por sua face.
“E contrito, sentindo-se agraciado pela profunda luz que emanou do seu eu interior, o ente supremo que habita dentro de nós, Gwin orou ao Deus da Natureza! “Rogou as bênçãos ao Deus do seu coração, e agradeceu a sublime oportunidade do encontro do homem carne com o homem alma.”
Que a Profunda Paz de Deus floresça como rosas na cruz do nosso coração!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

OS TEMPLÁRIOS



A Ordem foi fundada em 12 de junho de 1118, em Jerusalém por Hugues de Payens e Gogofredo de Saint Omer com o nome de "Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão" ou, simplesmente “Ordem do Templo”. Seu objetivo era, supostamente, defender Jerusalém dos infiéis, guardar o Santo Sepulcro e proteger os peregrinos a caminho da Terra Santa.
A Bíblia menciona que, logo que foi concluída a construção do Templo de Jerusalém, também chamado de templo de Salomão, transferiu-se para seu interior a “Arca da Aliança” que continha as “Tábuas da Lei”, O cajado de Aarão a “Torá” e outros documentos sagrados que simbolizavam o “Pacto” realizado entre os Judeus e seu Deus, Jeová, segredos que por estarem fora do alcance do público sempre despertaram a curiosidade e, por isso, várias lendas surgiram sobre estas relíquias. Segundo as tradições herméticas, ali se juntavam documentos antiqüíssimos, inclusive postulados trazidos por Moisés de muitos conhecimentos adquiridos dos egípcios através de sua iniciação junto àquele povo. Segundo alguns historiadores e cabalistas, a busca da “Arca” e a conquista de seu inestimável acervo teria sido o principal objetivo dos Cavaleiros da Ordem do Templo, pois aquele que conseguisse obter o segredo teria, automaticamente, o poder. O Rei de Jerusalém, Balduíno II, concedeu a Hugues e Godofredo e a mais sete cavaleiros que com eles fundaram a ordem, alojamento nas estrebarias do edifício onde fora outrora o Templo de Salomão e eles, durante nove anos ali permaneceram escavando e concretizando seus trabalhos de pesquisas secretamente.
Não se sabe se os Templários conseguiram estes conhecimentos, mas o certo é que, em pouco tempo, a Ordem começou a prosperar, tanto financeiramente como em poder junto aos reis do Ocidente e do Oriente. As principais lendas sobre o Graal provêm desta época. De qualquer forma se eles chegaram a possuir a chave do entendimento secreto, este segredo morreu com a Ordem, pois não temos certeza de que o segredo tenha chegado aos dias de hoje.
Dizem que a construção de catedrais góticas na Europa, substituindo a arquitetura romana que era comum na inicio da idade média, foi um dos legados templários. Realmente a arquitetura gótica revoluciona toda a arte da construção a partir do século XII. Também, as primeiras guildas, ou seja, as ligas de construtores que congregavam pedreiros e arquitetos, possuidores da arte de construírem catedrais no mais puro estilo gótico, e que deram origem à reorganização da estrutura maçônica medieval, remonta a estes acontecimentos.
Os monarcas europeus nunca tinham dinheiro. Não existiam metrópoles e a população não era grande. A igreja resguardava seus bens impedindo que os mesmos se perdessem, até por heranças inconvenientes. Os funcionários públicos eram, salvo raras exceções, bastante pobres.
Porque, então, a febre de construções que se alastrou consumindo vultosas somas?
De qualquer forma, desenvolveu-se uma classe ultra especializada, do arquiteto ao escultor, que corria de cidade em cidade com um objetivo que, até hoje não se encontra totalmente esclarecido. Vieram do oriente estas técnicas trazidas pelos Templários?
É o que muitos supõem.
Por decreto do Papa Honorio II a Ordem foi reconhecida oficialmente pelo Vaticano em 1128. Foi dado a seus membros como vestimenta o hábito branco. Um pouco mais tarde, em 1145, o papa Honório III adiciona a cruz templária, de oito pontas, em vermelho sobre o hábito. Mas a carta constitutiva só foi outorgada pelo Papa Alexandre III em 1163.
Quando os muçulmanos retomaram Jerusalém expulsando definitivamente os cristãos do Oriente Médio, a Ordem ressentiu-se muito por ter que afastar-se de seu local original. Entretanto suas riquezas ainda eram imensas e o rei da França, Felipe, o Belo, além do Papa Clemente IV deviam somas astronômicas aos Templários.
Felipe, que estava falido e sem dinheiro para pagar as suas dívidas e sustentar a sua corte cobiçava o tesouro da Ordem que somavam 150 mil florins em ouro, além de inúmeras casas, solares, castelos, fortalezas, pratarias, peças de ouro, inúmeros simpatizantes e vários outros bens entre a França, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Espanha, Antioquia,Trípoli e Palestina. Por este motivo, Felipe e o Papa tramaram um ardil para acabar de vez com o poder da Ordem.
No dia 13 de outubro de 1307, uma Sexta feira, proclamou-se um édito por toda a Europa acusando os Templários de alta traição, de adorarem a Baphomet, um deus pagão representado por uma cabeça de bode, e de ultrajarem a cruz urinando sobre ela.
Jacques De Molay, o Grão Mestre da Ordem foi preso e acusado de heresia, submetido à inquisição e supliciado com as mais bárbaras e cruéis torturas.
Todos os Templários encontrados foram presos e supliciados para que confessassem os mais hediondos crimes.
A tragédia atingiu seu ponto culminante em 14 de março de 1314, quando o Grão-Mestre da Ordem do Templo, Jacques De Molay e o Preceptor da Normandia Godofredo de Charney, foram publicamente queimados no pelourinho diante da Catedral de Notre Dame, como hereges impenitentes.
Diz-se que o Grão-Mestre, quando as chamas lambiam seu corpo lentamente, voltou a cabeça em direção ao local onde se encontrava o rei e profetizou: "Papa Clemente, Cavaleiro Guilherme de Nogaret, rei Felipe... Convoco-os ao tribunal dos céus antes que termine o ano, para que recebam vosso justo castigo. Malditos, malditos, malditos!...Sereis malditos até treze gerações..." E de fato, antes de decorridos o prazo, todos estavam mortos.
Em Portugal, o rei D.Dinis não aceitou as acusações, fundou a Ordem de Cristo para qual passaram alguns templários. Na Inglaterra, o rei Eduardo II, que não concordara com as ações do sogro Felipe, ordena uma investigação cujo resultado proclama a inocência da Ordem.
Na Inglaterra, Escócia e Irlanda, os templários distribuíram-se entre a Ordem dos Hospitalários, monastérios e abadias. Na Espanha, o Concílio de Salamanca, declara unanimemente que os acusados são inocentes e funda a Ordem de Montesa.
Na Alemanha e Itália a maioria dos Cavaleiros permaneceu livre. Muitos migraram para as ordens sigilosas da Idade Média, juntando-se à Maçonaria, aos Rosacruzes, à Grande Fraternidade Universal, à OSTG (Ordem sagrada do Templo e do Graal) e outras.
A destruição da Ordem nunca suprimiu os ensinamentos mais profundos! Os grandes exemplos são a Maçonaria e a Ordem De Molay, que mantêm a mística templária até os dias de hoje.

UM POUCO SOBRE OS CÁTAROS



Fergi Cavalca

O catarismo, do grego katharos, que significa puro, foi uma seita cristã da Idade Média surgida no Limousin (França) ao final do século XI, a qual praticava um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta, manifestado num extremo ascetismo. Concebia a dualidade entre o espírito e a matéria, assim como, respectivamente, o bem e o mal. Os cátaros foram condenados pelo 4º Concílio Lateranense em 1215 pelo Papa Inocêncio III, e foram aniquilados por uma cruzada e pelas acções da Inquisição, tornada oficial em 1233.
Em seu livro “A Doutrina dos Cátaros” Aylton da Silveira relata: “Os Cátaros fundaram no sul da França uma sociedade baseada inteiramente na forma adotada pelos primeiros cristãos. Eram vegetarianos, estudavam métodos de cura, aplicavam o batismo de fogo pela imposição das mãos e tinham uma hierarquia simples constituída de croyants, postulantes e Perfecti, que eram os superiores ou mestres Cátaros. Os Perfeitos ou Cátaros (puros) faziam voto de castidade e tinham que seguir à risca os regimes alimentares, trajar vestes negras e andar em grupo de dois. Construíram castelos em regiões inacessíveis, à beira de precipícios ou em píncaros de montanhas e colinas. A tradição diz que possuíram tesouros inestimáveis e manuscritos antigos. Outros acreditavam que guardavam o Santo Graal, o cálice sagrado que os antigos seguidores de João receberam das mãos de Madalena.
Os Croyants podiam se alimentar de carne, casavam-se, não mentiam, praticavam o amor fraternal e aceitavam a absoluta igualdade entre homens e mulheres. Havia uma caixa de pecúlio para o amparo dos mais pobres e doentes. O sistema social seguia o sistema descrito no livro Atos dos Apóstolos. Embora adotassem os ensinos de Paulo, rejeitavam algumas das discriminações contra a mulher contida nas epístolas. Para eles o homem era trino, constituído de corpo físico, alma e espírito. Criam na reencarnação, mas também admitiam a metempsicose em alguns casos. Assistiam regularmente aulas dos mestres Perfeitos e praticavam alguma forma de exercitamento psíquico e contato com o mundo espiritual.”

Os cátaros, também chamados de albigenses, rejeitavam alguns dos sacramentos católicos. Aqueles que recebiam o batismo de espírito, também chamado consolamentum, eram considerados os perfeitos e levavam a vida de castidade e austeridade citada acima; podiam ser tanto homens quanto mulheres. Os postulantes e croyants eram os crentes, ou seja, homens bons que possuiam obrigações menores; recebiam o consolamentum na hora da morte.
Apesar desta hierarquia, os cátaros eram profundamente místicos e extendiam suas experiências transcendentais ou divina apenas aos mais graduados; qualquer um que desejasse experimenter vôos mais elevados alcançando estados de consciencia superiores, possuiam a aiutorização plena dos perfecti.
A Igreja Cristã, que atribuia a si a primazia de ditar as regras de culto ou adoração a Deus, não concordava, em absokuto com a forma despojada de hierarquia com que os cátaros se comportavam, achando que isso traria danos irreversíveis à fé e à unidade cristã. Principalmente por esse motivo, visto que o número de adeptos à doutrina dos cátaros era crescente, tratou de declarar-los heréticos e, portanto, proscritos da Santa Madre Igreja.
Imediatamente procurou estabelecer uma cruzada para esterminá-los; Este evento ficou conhecido como "A Cruzada Albigense" (1209 - 1229). É claro que inúmeros interesses políticos estavam por trás das medidas coercitivas adotadas pela Igreja; apesar dos cátaros serem extremamente tolerantes abrigando em seu meio membros das várias correntes religiosas da época (judeus, pagãos ou, até mesmo católicoa)mantinham-se independentes mesmo fazendo parte do território francês.
O catarismo espalhou-se rapidamente por todo o Langedoc, no sudoeste da França. Seu principal foco era a cidade de Albi, daí o nome de albigenses. Essa difusão deu-se, principalmente, à partir do século XII.

Antes de tudo, é conveniente ressaltar que o catarismo não pertence exclusivamente ao Languedoc, nem o Languedoc deve ser visto exclusivamente sobre o prisma do catarismo. Aderentes à doutrina cátara recebem diferentes nomes no país em que se inserem: Na Itália, eram conhecidos como "patarinos", na Alemanha como "ketzers"; na Bulgária, como "bogomils". Existiram cátaros na França, na Catalunha, na Itália, na Alemanha e, ao que parece, na Inglaterra.
Os cátaros acreditavam que o homem na sua origem havia sido um ser espiritual e para adquirir consciência e liberdade, precisaria de um corpo material, sendo necessário várias reencarnações para se libertar. Eram dualistas e acreditavam na existência de dois deuses, um do bem (Deus) e outro do mal (Satã), que teria criado o mundo material e mal. Não concebiam a idéia de inferno, pois no fim o deus do bem triunfaria sobre o deus do mal todos seriam salvos. Praticavam a abstinência de certos alimentos como a carne e tudo o que proviesse da procriação. Jejuavam antes do Natal, Páscoa e Pentecostes, não prestavam juramento, base das relações feudais na sociedade medieval, nem matavam qualquer espécie animal.
Os cátaros organizaram uma igreja e seus membros estavam divididos em crentes, perfeitos e bispos. As pessoas se tornavam perfeitos (homens bons) pelo "ritual do consolament" (esta cerimônia consistia na oração do Pai Nosso; reposição da veste, preta no início, depois azul, substituída por um cordão no tempo da perseguição; tocava-se a cabeça do iniciante com o Evangelho de São João, e o ritual terminava com o beijo da paz). Os crentes podiam abandonar a comunidade quando quisessem, freqüentavam a Igreja Católica, eram casados e podiam ter filhos. Dessa forma, eles poderiam levar uma vida agradável, obtendo o perdão e sendo salvos.
Durante o período das perseguições as igrejas cátaras foram destruídas, os ofícios religiosos eram realizados em cavernas, florestas e casas de crentes. A doutrina cátara jamais foi aceita, justamente por contrariar alguns dogmas cristãos, principalmente no que concerne a volta à pobreza e o retornoao cristianismo primitivo.
A Cruzada Albigesa, comandadada por Simon de Montfort (1209 - 1224) e pelo Rei Luis VIII (1226-1229) durou 40 anos. A perseguição arrasou a região dos Cátaros; a resistência teve que enfrentar-se com duas forças enormes, o poder militar do Rei de França e o poder espiritual da Igreja Católica.
Na primeira fase da cruzada, foi destruída a cidades de Béziers (1209), onde 60.000 pessoas morreram. Depois os cruzados marcham para Carcassone, onde Simon de Montfort se apossau dos condados de Trencavel (carcassone, Béziers), conquistando também Alzonne, Franjeaux, Castres, Mirepoix, Pamiera e Albi.
Em 1216, ouve outra investida contra os cátaros. Simon de Montfort morre em 1218, acabando também a cruzada. Entretanto, a heresia não foi extinta. Amaury, filho de Montfort, oferece as terras conquistadas por seu pai a Felipe Augusto, rei da França que as recusa, seu filho Luís VIII acabará aceitando as terras.
Em 1224 Luís VIII liderando os barões do norte, empreendeu uma nova cruzada que durou cerca de três anos arrasando muitas cidades até chegar a Avignon, onde terminou sua luta contra os hereges. O resultado dessa disputa foi um acordo imposto pelo rei da França aos Senhores feudais das áreas conquistadas e conseqüentemente os domínios disputados passariam para a coroa da França (Tratado de Meaux, 1229).
Militarmente, apesar de terem o apóio de pequenos condados, os cátaros não conseguiram resistir ao genocidio das cruzadas, mas elas não conseguiram erradicar o Catarismo de forma definitiva. Foi a Inquisição, a instituição que realmente conseguiu exterminar definitivamente o catarismo.
No chamado País Cátaro viviam outras pessoas cuja religião era o catolicismo, Perguntado sobre como distinguir entre os hereges e os outros, o abade revestido da autoridade papal (o inquisidor) respondeu: "Matem-nos a todos. Deus se encarregará de distinguir os seus".
Muitos dos Cátaros encontraram refúgio dentro das Ordens Templárias, chegando até mesmo a executar seus rituais dentro das Igrejas e Castelos templários. O abrigo e proteção aos Cátaros foi uma das inúmeras alegações que a Igreja usou contra os Templários em 1314.
Os Cátaros deram origem aos primeiros grupos dos chamados “Alquimistas” e seus textos simbólicos, que a partir do século XVII passaram ser conhecidos como Rosacruzes.
Fonte de pesquisa:
Livro "A Doutrina dos Cátaros" de Aylton da Siveira.
Sites diversos da internet que versam sobre os assuntos.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Meu Mestre disse:



Fergi Cavalca
Tudo só existe porque existe a consciência! Este é o primeiro principio que nos leva a decifrar as entrelinhas de uma ciência que, quer queira ou quer não, independe de crenças ou de opiniões! Imagine se, no universo, a única centelha consciente se resumisse no bicho homem, esse sujinho de mosca, ínfimo representante de uma insuperável consciência perante um universo de trilhões de galáxias, cada qual com trilhões de sistemas solares que envolvem trilhões de planetas! Imagine o homem como único expoente da sabedoria universal! É claro que isso é apenas uma suposição, por isso não vamos nos encher de purismos psicodélicos. De repente, um meteoro ou sei lá o que, explode esse minúsculo planetazinho chamado Terra! Acabou-se a consciência? O ser que detinha a primazia do conhecimento de si mesmo morreu? Isso significa que o universo desapareceu? Entrou em óbito permanente? Não! Não significa absolutamente isso! Mas qual seria o objetivo do universo já que não existe a consciência que tomará conhecimento dele? Se ninguém sabe de sua existência, então ele não existe, pois a existência ou não de algo se prende, exclusivamente à consciência que temos desse algo!
E se a consciência é a única manifestação que nos dá certeza da existência de tudo, então esse nosso universo é conceptual, pois ele só existe na mente do indivíduo; e a mente, forçosamente, será o único dispositivo capaz de criar! E o que é melhor: do nada!
Nesse momento, ou seja, quando ocorre essa descoberta em nosso íntimo, estamos dando, a nós mesmos, a ciência de nossa própria existência! Isso falando de um grosso modo: É o famoso “Cogito Ergo Sun” (Penso Logo Existo)! Esta é a frase que anima o filósofo a continuar em sua busca, quando consegue definir a plenitude do seu próprio pensamento! E se a mente e o pensamento que nela habita são a única emanação capaz de criar, este é o devir da consciência ao seu principal objetivo: Criar!
Vejamos: Se as obras geradas na mente fértil de poetas, escritores ou músicos, permanecem até hoje desafiando os séculos, o que dizer daquelas criadas por uma Mente Infinita?...
Romeu e Julieta, por exemplo, são criações humanas que sobrevivem até os dias atuais como personalidades reais! Ultrapassaram a condição de personagens; eles possuem até quadros pintados por outros artistas... retratos próprios que lhes emprestam uma forma peculiar e particular de existência!
Na verdade Romeu e Julieta são criações da mente privilegiada de Shakespeare e, muitos outros, também embarcaram na criação original do fabuloso poeta inglês do século XVI! E eles perduram já por cinco séculos!
O mesmo pode-se dizer da obra de um Beethoven, de um Mozart, de um Rembrandt ou um Van Gogh! Observe que, se estas criações nascidas de mentes humanas, portanto imperfeitas, tem essa força imensa que ultrapassa séculos; agora imagine, então, a criação mental de um Ser do qual não podemos, sequer, fazer idéia de sua imensidão. A esse Ser incognoscível só nos resta o recurso de curvar a cabeça em prece para agradecer-Lhe, tomando emprestado um dos nomes com que a humanidade costuma batizá-lo: O Todo, O Cósmico ou, então, Deus. Para os Judeus era o poderoso Criador cujo nome impronunciável é Iod-He-Val-He; na cabala é o inefável Ain Soph.
O Universo é uma criação mental do Todo e, por isso vive e se expande na mente do Todo. Isso é uma afirmação. É aquilo que advém do interior de meu “eu”. A criação ou a destruição de um milhão de universos na mente do Todo se dá em um abrir e fechar de olhos. Quem for capaz de entender isso encontrou o grande segredo: a chave dos ensinamentos herméticos!
Mas a par desse princípio da mentalização existe também, o princípio da correspondência que diz: “O que está em cima e como o que está em baixo e vice versa”! Tudo no universo é análogo e, como vimos o infinitamente grande, passeando por trilhões de galáxias, nós podemos transferir-nos agora para nosso minúsculo organismo assumindo o quase trilhão de células que ele exibe... Segundo os especialistas, só as células nervosas, nossos neurônios, podem somar cem bilhões! E o que dizer dos estudos realizados no interior das células com o DNA, o genoma humano? E o imenso e minúsculo Universo Atômico? Um átomo-grama ou molécula-grama de elemento qualquer possui a bagatela de uma quantidade de átomos ou moléculas cujo número vem seguido, apenas, de vinte e três zeros! Número inimaginável e sem denominação na nossa língua! Macrocosmo ou microcosmo? Ambos mostram a infinita grandeza da mente do Todo, de Deus! E entre eles essa pequena criatura chamada homem; o representativo dos dois gêneros, masculino e feminino e que pode transformar-se em um gigante galáctico ou em um minúsculo verme, dependendo da posição para aonde possam pender seus pensamentos enquanto se coloque perante temas de tão enormes proporções, do lado da criação ou do lado da destruição inconsequente.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ética e Moral



Fergi Cavalca
Muitas vezes ouvimos as pessoas falarem e comentarem sobre ética e moral, como dois fatores preponderantes ao desenvolvimento interior de um indivíduo. Principalmente nos dias de hoje, quando vemos exposta na mídia atitudes, inúmeras vezes condenáveis, de indivíduos que parecem não ter qualquer compromisso com a sociedade ou com os seus semelhantes.
Na verdade a ética é uma parte da filosofia que trata das questões e preceitos relacionados à conduta humana; um conjunto de normas, princípios e regras preconizados ao indivíduo para que ele tenha exemplar comportamento moral e altruístico dentro do meio em que vive. Em suma, podemos definir ética, filosoficamente, como um agrupamento de códigos e procedimentos que fazem parte ou se relacionam aos valores morais, à decência e que se aplicam ao espírito humano de modo absoluto, em qualquer tempo ou lugar.
A moral é o comportamento individual que situa o ser humano em sua trajetória terrestre. Geralmente a moral está intimamente ligada ao conceito maniqueísta de virtude e vicio, de bem e mal, de mocinho e bandido, de crime e castigo... Entretanto, ela é muito mais do que isso! Uma moral elevada é o comportamento desejável para qualquer cidadão; e não se resume apenas no cumprimento das leis estabelecidas para definir um homem de bem dentro da sociedade! A moral está ligada, sobretudo à consciência.
O universo é mente e, se é mente é consciência! A evolução espiritual é, sem dúvidas, conceptual.
Outro dia, em meio a elucubrações filosóficas que nos impelem a pensar usando a arma do ocultista, a analogia, iniciamos a nossa divagação traçando um paralelo entre uma célula de nosso corpo, minúscula, microscópica porção de vida que depende de nossa vontade para sobreviver e o universo infinito; através de nosso desejo ela, a célula, recebe alimento, glicose para queima e manutenção da temperatura, já que somos animais homeotérmicos; recebe ainda o oxigênio que alimenta a combustão; através da corrente sanguínea e dos pulmões elimina o gás carbônico e os resíduos tóxicos de nosso organismo, num perfeito sistema que engloba os rins, as glândulas sudoríparas, o intestino grosso e delgado, além do fígado e outros órgãos que compõe nossa condição animal e individual. Então, para aquela pequenina célula assumimos a posição, embora inconsciente, do Criador.
A celulazinha também possui a sua consciência, pois nasce e se alimenta, reproduz-se e morre; e juntando-se a outras células semelhantes forma uma comunidade que chamamos tecido. Os tecidos, por sua vez, agrupam-se formando os órgãos; vários órgãos com funções específicas dão origem a um aparelho e os aparelhos compõem o organismo. O organismo empresta-nos a consciência do eu, a individualidade que garante a existência da pequena célula.
Por outro lado, saindo do micro e começando a penetrar no macro, a união das individualidades, células pequeninas da sociedade formam a comunidade que chamamos a família; as famílias reunem-se formando o bairro; vários bairros dão origem à cidade e várias cidades ao estado; os estados são a base do país e os países a da humanidade, ou melhor, do conjunto de vida consciente que habita o planeta.
E então perguntamos: O que é mais importante, a pequenina célula localizada em uma extremidade esquecida ou o organismo consciente? Apesar de a célula ser importante, o organismo se sobrepõe. E então, por analogia, concluimos o seguinte: A humanidade, que é o organismo representado pelo macro, é mais importante do que o indivíduo, que é o organismo representativo do micro, da célula, a unidade da vida.
Mas da mesma forma que uma célula deformada e doente pode colocar em risco todo o organismo, uma individualidade sem o caráter, a ética ou a moral poderá ser um câncer para toda a humanidade. “O que está embaixo é como o que está em cima; e o que está em cima é como o que está em baixo, para que se cumpram os milagres da unidade”.
A transmutação interior, o ato de polir a “pedra bruta”, a alquimia mental de transformar o chumbo das paixões no ouro das virtudes, é fundamental nesse processo de contribuição simbiótica que produzimos com a humanidade; o objetivo é melhorar o planeta, fisicamente, moralmente e eticamente.
Hoje em dia, as noticias que adentram nossos lares, de violência, sexo, drogas, guerras ou outras atrocidades que são cometidas a cada segundo pelos quatro cantos do mundo, nos dão a certeza de que o planeta está profundamente doente. E está doente porque nós as células do imenso organismo humano estamos doentes, deformadas, ulceradas, cancerosas...
Por isso urge que a minoria que ainda acredita nos valores do homem como ser supremo da criação, prossiga lutando pelos ideais de paz, amor, justiça e perdão e juntando seus pensamentos uníssonos para formar uma grande egrégora que englobe a renovação do caráter da individualidade componente do imenso organismo humano.

domingo, 25 de julho de 2010

Uma Sombra




Fergi Cavalca

Estava posto em silencio,
Em prece, em oração...
Quando u'a mão me tocou
Nos ombros suavemente.
Vislumbrei, ou só senti
Um vulto, lembrando um véu
Tênue, diáfano, leve...
Entretanto, tinha olhos
E estes me verrumavam
No âmago de minh'alma.

Lendo meus pensamentos,
Mergulhando em meu espírito,
Espalhou pelo meu corpo
Fluidos mornos, sadios.
Não senti medo da sombra
Pois sua presença, cálida,
Mostrava que vinha apenas
Satisfazer-me a vontade,
Pois era pelos coitados
Que eu orava ao pé da cruz.

-- Vem comigo -- disse o vulto,
E tomando das minhas mãos,
Juntos alçamos vôo
Em busca do infinito.
Trêmulo, receioso,
Cheio de ânsiedade,
Segui o fantasma. E corria
Com a rapidez do pensamento,
Que das coisas que existem
É a mais veloz, mais sublime...

Subimos sobre a cidade,
Mas a cidade dos mortos...
Uma atroz melancolia
Carregada de tristeza,
Eivada de amarguras,
Constrangia o coração.
Escuridão e abandono
Nas avenidas estranhas,
Onde os mortos desfilavam
Ao som de roucos lamentos.

Não havia um vivente!
E todos que ali estavam,
alguma dor carregavam
Dentro das suas almas.
Homens velhos ou mulheres,
Jovens, meninos, adultos,
De seus semblantes marcados,
De seus suspiros profundos,
A mágoa e o desespero
Brotavam expontaneamente.

Era noite e pelos becos,
Retorciam-se as sombras!
E seus gemidos pungentes
Subiam aos nossos ouvidos.
Senti um nó na garganta,
Meu coração se indagava:
-- Porque este sofrimento
Tão cruel, tão doloroso,
Que brota do peito fundo
Deste seres desgraçados?

Respondeu-me o espectro
Com a voz profunda e grave:
-- São eles a dor do mundo!
Em cada guerra que cresce,
Em cada crime que nasce,
Nas violências da vida,
Na crueldade do homem,
No jugo, na tirania,
Que ferem a liberdade
Como satânico algoz.

-- Nos caminhos sem amor,
Do engano e da hipocrisia,
Da perfídia e traição,
Da avareza e da inveja,
Do orgulho e da vaidade,
Estes seres doloridos,
Fizeram de suas vidas
Pelo livre arbítrio da alma,
Seu inferno, sua mágoa,
Suas lágrimas, seu castigo.

--Apenas suas consciências
Os põe neste sofrimento!
O remorso ao ver perdido
O tempo de suas vidas!
Mas agora, enquanto choram,
Liberam seus sentimentos.
E se arrependem! Por isso
Nova chance, nova vida,
Será por fim concedida
Para então se redimirem.

-- A Lei da Causalidade,
Tão sublime e verdadeira,
Atrela a seus destinos
O Carma que foi traçado.
Mas outra oportunidade
Renova os votos que um dia
Juraram cumprir na Terra.
É a grandeza de Deus
Manifesta na benção
Maior da reencarnação.

-- Cada alma que procura
Sair destas ânsias vãs,
Vai em busca de virtudes,
De paz profunda e Amor.
Aprende na alquimia
Que purifica seu íntimo,
Que a dor também é cadinho.
Fusão de Alma e Amor
Trazem a felicidade
Da esperança e dos sonhos.

-- É preciso que no íntimo
Cada ser que evolui,
Sinta a grande verdade
Que se mostra nas lições.
Deus é o maestro que rege
Com as leis da natureza,
A orquestra universal.
Mas não esquece de nada,
Seja homem ou animal,
Vegetal ou mineral.

Nesta cidade de dores
Só ficam os arrependidos.
Os que lavaram em lágrimas
Sinceras do coração,
Os erros já cometidos.
O remorso os guiará
Para nova chance, talvez.
Aqui eles pedem perdão
E vão receber justiça
Na bênção da nova vida.

Vão ter oportunidades
De resgatar suas faltas.
Porém, muitos se perdem
No rumo de seus caminhos.
O sofrimento de agora
Breve será esquecido.
E a nova oportunidade
Transformar-se-á em dívida,
Que somada a outras dívidas
Formam o Carma do homem.

Somente pela virtude
Poderão ser ressarcidos
No tempo do vir-a-ser.
Por grande amor ao próximo,
Nas bases da Caridade,
Construirão uma aura
Mais luminosa e sadia.
Isso trará melhor sorte,
Menos débito, mais haver,
Na conta que vão prestar.

E assim falou o Anjo,
Pousando-me novamente
Na cadeira onde a prece
Eu elevara ao além.
As lágrimas escorriam
pelo meu rosto marcado.
Não seria mais o mesmo
Pois tinha visto com a alma
A dor e a consolação
Que carregamos na vida.

sábado, 24 de julho de 2010

Espiritualidade



Espiritualidade

Dentro da maioria das doutrinas religiosas e filosóficas, o homem é, na sua essência, um ser dual, isto é, formado por duas partes distintas: Corpo e Espírito.
O corpo é a parte material dependente das Leis Universais fixadas e estabelecidas para a sobrevivência e a satisfação de suas necessidades fisiológicas essenciais. Ele possui desejos e vontades que são ditados pelo instinto e paixões. Estes são alguns dos impulsos inerentes à vontade humana; diuturnamente, o corpo está sendo estudado, exaustivamente, por médicos, fisiologistas e cientistas e, salvo a complexidade de alguns órgãos, vai sendo decifrado e catalogado, através de programas extremamente complexos, como o genoma que mapeia o DNA humano, e ainda outras descobertas importantes para o entendimento do intrincado processo físico que se dispensa a esse estágio.
A ciência, através da psicanálise, da psicologia ou da psiquiatria, tenta entender a mente, procurando transferir para o cérebro a atividade psíquica total do indivíduo. Realmente o cérebro, como sede do pensamento, está fisicamente ligado ao perfeito equilíbrio mental aparente de cada ser humano.
O homem, porém, desenvolve paralelamente às suas atividades físicas, sentimentos que brotam, inexplicavelmente, de escaninhos muito mais profundos e que obedecem a outras Leis, diferentes daquelas que definem o Universo Material. Estas Leis estão muito mais ligadas ao livre arbítrio, à capacidade de escolha que cada um possui do que, simplesmente, a reações físicas provenientes do corpo. A consciência, em nosso planeta, é prerrogativa do homem. Ele é o único ser que evolui mentalmente, não só assimilando de fora para dentro e, desta forma adquirindo o conhecimento e a cultura, mas, também, de dentro para fora, desenvolvendo a sabedoria; esta segunda é a mais importante para o desenvolvimento de unma outra característica: O Espírito.
Chamamos espiritualidade ao desabrochar dos sentimentos elevados que suscitam as virtudes, que desabrocham no espírito através do livre arbítrio. São essas virtudes que formam o caráter e elevam os pensamentos aos melhores e mais altos níveis de pureza e glória, verdadeira dimensão de nossa grandiosidade Divina.
Jesus, o Cristo Cósmico que veio a Terra com a missão de dar ao homem a fórmula básica de sua verdadeira evolução na caminhada universal, nos mostra, nas entrelinhas de sua doutrina esotérica, que até hoje ainda não foi percebida pela maioria, verdades incontestes.
É assim que o Mestre, em sua belíssima passagen descrita no Sermão da Montanha, diz àqueles que têm ouvidos para ouvir:
“Perdoai os vossos inimigos! Porque se perdoardes somente aos que vos amam, que mérito tereis?”. E mais à frente: “Quando atingirem a tua face direita dá também a esquerda”... “Quando te pedirem a capa entrega também a túnica... Quando alguém te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele outros mil a mais”...
Isto nos mostra, exatamente, a dimensão conceptual do livre arbítrio. Por nossa natureza física e material, somos seres completamente instintivos! É a nossa parte animal, fisiológica e irracional. Quando alguém nos agride, a primeira reação é o revide! Mas o livre arbítrio nos concede o raciocínio; e o raciocínio nos dá a escolha do revide ou do perdão. Se escolhermos o revide, nossa natureza animal e material se sobrepujou! Se escolhermos o perdão, venceu em nós a espiritualidade, a vontade sublime, a alma consciente, centelha de nossa natureza divina.
E, nesse momento, percebemos que: Se para a matéria que forma o nosso corpo as Leis são as da coesão ou do movimento, para a evolução do espírito, parte imortal de nosso ser, a Lei é o Amor; Amor grafado com maiúscula, fonte de perdão, o ápice de nosso livre arbítrio exercendo sua influência diretamente sobre o espírito.
Espiritualidade é, portanto, desenvolver no íntimo o Amor como forma e orientação de vida. “Amar ao próximo como a si mesmo”. Difícil? Ninguém falou que era fácil! Por isso mesmo, chama-se evolução da alma, ou melhor, ascensão na escalada da vida! Quando conseguimos sobrepujar nossas paixões materiais com o sublime Amor espiritual, Lei que rege o infinito mundo da consciência, venceu a virtude! Amor é atributo Divino! Necessário, principalmente nesse momento de dores e paixões, onde o sofrimento da fome, das guerras, da violência excessiva, da adulteração das virtudes, do fortalecimento dos vícios, que envolve a humanidade... Amor é a centelha que ilumina a Noite Negra da alma e traz paz ao torvelinho passional de nossa fugaz existência.
Que a Energia proveniente do Cristo Cósmico, centelha de Luz que viaja eternamente pelo Universo Infinito, banhe nossa alma espargindo o Amor Universal que precisamos para podermos caminhar, evolutivamente, em nossa trilha de ascensão espiritual.

Fergi Cavalca

Um pouco de ocultismo



Às vezes somos simples pardais, mas nos propomos a voar com asas de águia. De certa forma, isso não é ruim, só que é necessário tomar o remédio seguindo a receita. Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelso, dizia com propriedade: “dozem facit venenum”. E dentro do ocultismo essa sábia sentença pode ser comprovada amiúde.
O que podemos concluir é que os ensinamentos secretos emanam de uma fonte única que esparge sobre os iniciados os segredos da formação dos mundos. Afinal, “o que está em cima é como o que está em baixo e vice-versa”.
Na sabedoria de João, o quarto evangelho se inicia com a frase: “No principio era o verbo...” e em eons de tempo tudo se foi plasmando através da pronúncia do nome inscrito no Tetragramaton, na Mente Infinita do inefável Ain Soph, Yah, Eterno Sebaoth, Deus de Israel, Deus Vivo, Deus Onipotente, Elevado, Sublime, Vivendo na Eternidade e cujo Nome é Santo, o impronunciável IOD-HE-VAU-HE.
Palavras de prudência, construtivas e plenas como tudo o que provém da sabedoria oculta milenar que nos foi legada de boca a boca, de ouvido a ouvido, independente do nome que flutua no frontispício de cada escola hermética. Na senda não existe escola: Existem atos de amor que elevam cada indivíduo.
Belos e expressivos são os exemplos do mestre e, cada vez mais, me certifico da maravilhosa simplicidade existente entre esses ensinamentos que se manifestam com o mesmo teor e profundidade em todas as variantes da mesma fonte única, e por isso mesmo uma vibração universal e proveniente da emanação que a remeteu à terra através dos caminhos interiores do homem; isso proporciona a nós, mortais imortais, um ínfimo instante da Luz Cósmica proveniente do Todo.
O mais curioso é que todo o conhecimento pode ser descrito em pouquíssimas palavras, mas devido ao embotamento de nossos sentidos, tanto físicos como psíquicos, necessitamos de compêndios, de muitíssimas instruções para entender o que já está implícito em nós mesmos, no nosso interior, na nossa natureza divina...
A sabedoria expressa vinte séculos antes de Jesus e transmitida oralmente de mestre a discípulo nas iniciações esotéricas pelos milênios afora, nos diz: “Ó, não deixeis apagar a chama mantida de século em século, nesta caverna obscura, neste Templo Sagrado! Sustentada por puros Ministros do Amor!
Não deixeis jamais apagar esta Divina Chama!”
As palavras abaixo flutuam como dísticos herméticos:
"Os lábios da sabedoria estão fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento."
"Em qualquer lugar que estejam os vestígios do Mestre, os ouvidos daquele que estiver preparado para receber o seu Ensinamento se abrirão completamente".
"Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para enchê-los com Sabedoria."

Os sete princípios do conhecimento oculto.

"Os Princípios são Sete; aquele que os conhece perfeitamente possui a Chave Mágica com a qual todas as Portas do Templo podem ser abertas completamente."
1) O TODO EM TUDO
"Enquanto Tudo está n'O TODO, é também verdade que O TODO está em Tudo. Aquele que compreende realmente esta verdade alcançou o grande conhecimento:" O Universo é mental. Isso porque a única coisa capaz de criar do nada é o pensamento. "Cogito, ergo Sun", exclama o filósofo quando percebe sua dúvida em relação à sua própria existência. E é no pensamento que ele, afinal, encontra a comprovação da existência: "Penso, logo existo!"
2) A CORRESPONDÊNCIA
Essa é uma das mais importantes ferramentas do místico: “O que está em cima é como o que está em baixo; e o que está em baixo é como o que está em cima; para que se cumpram todos os milagres da Unidade"... É a analogia que o sábio consegue vislumbrar! Observe que do imenso espaço cósmico, composto de trilhões e trilhões de estrelas, galáxias, planetas, cometas e astros das mais diversas formas e tamanhos, passamos, também, pelo organismo humano (e por analogia qualquer organismo vivo) com trilhões de células (somente as nervosas, ou seja, os neurônios, somam um número próximo de cem bilhões) e atingindo o imensamente pequeno mundo atômico, onde um átomo (ou molécula) grama possui um número de átomos (ou moléculas) seguido por vinte e três zeros (sextilhões, talvez),ou seja, um número impronunciável... e aí, nós na pequenez de nossos parcos conhecimentos, curvamos então nossas cabeças ao Todo e procuramos enxergar a fabulosa analogia fundamental entre o macro e o micro, ambos na sua majestosa pujança.
3) A VIBRAÇÃO
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra." Movimento é energia! E energia engloba tudo o que existe no universo material e, por analogia, nos universos psíquicos, mentais ou outros que, por acaso possam existir. Energia que não pode ser criada nem destruida, apenas poderá ser transformada a partir de suas formas potenciais. Estudando o espectro eletromagnético, percebemos que cada forma energética é decorrência da frequência e do período das ondas emitidas. Frequência é o número de ondas por unidade de tempo (hora, minuto ou segundo); Período é o tempo que a onda leva para percorrer um ciclo; está relacionado ao comprimento. O comprimento da onda poderá variar de metros (ondas de rádio frequência, por exemplo) até décimos de ângstrons; o ângstron é a décima bilhonésima parte do metro. Portanto um décimo de angstron corresponde a um número cem bilhões de vezes menor do que um metro (comprimento de onda dos raios gama, por exemplo). Das ondas de rádio aos raios gama, passando pelas microondas, pelo infravermelho, pela luz visivel, pela região do ultravioleta e pelos raios X, tudo vibra. Átomos e moléculas vibram para definir seus estados físicos classificando-os em sólidos líquidos ou gasosos, de acordo com o nível de agitação que os corpos ou a substância demonstrem na sua estrutura atômica ou molecular. Portanto tudo no universo é vibração e, mais uma vez, "o que está em cima é como o que está em baixo..."
4) A POLARIDADE
"Tudo é duplo; tudo tem dois pólos; tudo tem seu par de opostos; o semelhante e o dessemelhante são uma só coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados." E isso nos mostra o sentido do dualismo que se completa na síntese do ternario: O equilibrio atingido após a tese e a antítese.
5) O RITMO
"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; A medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação." Esta é mais uma nuance do principio da correspondência: "o que está em cima é como o que está em baixo.
6) CAUSA E EFEITO
"Toda Causa tem seu Efeito; todo Efeito tem sua Causa; todas as coisas acontecem de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei." Esse principio mostra a ação e reação, dando ao Todo Universal uma conotação científica baseada no princípio físico de que cada ação corresponde a uma reação de igual intensidade e de sentido contrário. Segundo William Walter Atkinson, o Yogue Ramacharaca, escritor do século passado, "os pensamentos são coisas". Recentemente lemos em um Best-Seller internacional que a mente (nous, em grego) é capaz de criar e plasmar situações, criando o que hoje conhecemos como "ciência noética". Esse fato, que atualmente é estudado em universidades pelo mundo, é do conhecimento do ocultista há quarenta séculos.
7) O GÊNERO
"O Gênero está em tudo; tudo tem os seus Princípios Masculino e Feminino; o Gênero se manifesta em todos os planos." Isso nos remete ao principio da polaridade que mencionamos acima. Como existem dois polos em todas as manifestações, isso também se manifesta e reflete no principio do gênero.
O texto abaixo é transcrito de diversas passagens do CAIBALION:
Sob as aparências do Universo, do Tempo e do Espaço e da Mobilidade, está sempre encoberta a Realidade Substancial: a Verdade fundamental.
Aquele que é a Verdade Fundamental, a Realidade Substancial, está fora de uma verdadeira denominação, mas o sábio chama-o O TODO.
Na sua Essência, O TODO é INCOGNOSCIVEL.
Mas os testemunhos da Razão devem ser hospitaleiramente recebidos e tratados com respeito.
O Universo é Mental: ele está dentro da mente d'O TODO.
O TODO cria na sua Mente infinita inumeráveis Universos, que existem por eons de Tempo; e contudo, para O TODO, a criação, o desenvolvimento, o declínio e a morte de um milhão de Universos é como que o tempo do pestanejar dum olho.
A Mente Infinita d'O TODO é a matriz dos Universos.
Dentro da Mente Pai-Mãe, o filho mortal está na sua morada.
Não há nenhum órfão de Pai ou de Mãe no Universo."

Os falsos sábios, reconhecendo a irrealidade comparativa do Universo, imaginaram que podiam transgredir as suas Leis: estes tais são vãos e presunçosos loucos; eles se quebram na rocha e são feitos em pedaços pelos elementos, por causa da sua loucura. O verdadeiro sábio, conhecendo a natureza do Universo, emprega a Lei contra as leis, o superior contra o inferior; e pela Arte da Alquimia transmuta aquilo que é desagradável no que é agradável e deste modo triunfa. O Domínio não consiste em sonhos anormais, em visões, em vida e imaginações fantásticas, mas sim no emprego das forças superiores contra as inferiores, escapando assim das penas dos planos inferiores pela vibração nos superiores. A Transmutação não é uma denegação presunçosa, é a arma ofensiva do Mestre.

Como podemos observar, o conhecimento vem muito mais do raciocínio analógico que podemos definir no "Princípio da Correspondência". Certa viz li uma anedota, não me lembro onde, que dizia mais ou menos assim:
“Um rei antigo e sábio, amante da ciência e do conhecimento, mandou construir um observatório em seu reino com as últimas novidades em equipamentos para investigar o espaço cósmico. Instalou ali um astrônomo, velho sábio que, tal como Ahmed, fuçava alfarrábios escrutinando os fenômenos da natureza. Certo dia, estando o rei acompanhado de muitos nobres em visita ao observatório pelo qual tinha grande carinho, aproxima-se amistosamente do velho astrônomo e, dando-lhe uma tapinha no ombro, pergunta: -- O que há de novo no céu? Ao que o mestre, olhando-o com bondade, responde: -- Vossa Majestade já conhece o antigo?”

Portanto concluo esse trabalho dizendo: O que está em cima é como o que está em baixo e vice-versa, pois não há nada de novo no céu.

Fergi Cavalca