Deus em mim
Fergi Cavalca
Ser solicitado para produzir um trabalho com tema livre criou um
dilema: que assunto escolher? São tantos... e todos de grande profundidade,
juízo e discernimento...
Finalmente optei por um que engloba um conjunto de normas e regras de
uma maneira geral; para tal recorro ao grande filósofo Baruch Spinoza cujas
palavras judiciosas abaixo, revelam a essência da fé em Deus, sintetizando de
uma maneira simples, porém completa, o sentido de prece que nós, formas
materiais evolutivas e errantes que gememos nossas dores neste planetinha que
não é mais do que um cocozinho de mosca na amplidão do Universo, insistimos em
pedir — muito mais do que agradecer —, enchendo os “ouvidos” do Criador com
nossas lamúrias, nossas dores e nosso desespero. Na verdade o texto de Spinoza
não é uma prece que elevamos ao Deus de Nosso Coração e de Nossa Compreensão,
ao contrário, é o desejo Dele em relação a nós humanos imortais que nos
avaliamos mortais, para que tenhamos muito mais fé e sejamos objetivos e
sucintos em nossos propósitos de evolução, aceitando o pensamento do Todo como
a partícula mater de nossa existência.
Vejamos o que nos diz Deus através de Spinoza:
“...Confia em mim e deixa de me
pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?”
“Respeita teu próximo e não faças o
que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua
vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo.”
Para de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo.”
“Eu sou puro amor...”
Essa síntese maravilhosa de Deus, Justo e Amoroso, é a “Chave Mestra”
que abre as portas do templo interior, do coração do iniciado e, com absoluta
certeza o objeto de nossa peregrinação terrestre, principalmente o que viemos
buscar ao transpor o portal da Verdadeira Luz. Esse é o propósito ao qual nos
recomendamos quando escolhemos participar dos ensinamentos de qualquer doutrina
iniciática ou filosófica que nos mostre a árdua caminhada em busca da tão
sonhada evolução espiritual.
É no templo que se situa no íntimo, no fundo de nosso coração onde
abrimos nossos olhos profanos para a Verdadeira Luz, onde invocamos o auxílio de
Deus e nos cobrimos com o simbolismo próprio dos que se purificaram pela
iniciação dos quatro elementos formadores, onde vamos receber lição após lição,
ferramentas certas e indispensáveis para polir as asperezas de nosso caráter.
Diz-nos Albert Einstein:
“Se um dia
tiver que escolher entre o mundo e o amor, lembre-se: Se escolher o mundo
ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo”.
Ao lermos o Evangelho confrontamo-nos com a máxima cristã “...Ama
o próximo como a ti mesmo...”. Realmente não podemos conceber nenhum
ensinamento que seja mais completo ao sentido evolutivo do que esse.
O amor — virtude que exaustivamente procuramos, mas nem sempre
encontramos — é o epítome universal, o sumário da evolução e a síntese cósmica
da Criação... O único objetivo para o surgimento da raça humana é o
aperfeiçoamento dos benefícios que advém da prática dessa grande virtude; esse
é o suprassumo do livre-arbítrio, do poder de escolha que diferencia o ser
humano do bruto. Ao escolhermos o amor optamos pelo perdão das ofensas; nesse
momento renunciamos definitivamente nossa origem animal e assumimos a condição
humana, à imagem e semelhança de Deus. É a despedida do homem material e o
início da gloria espiritual, a morte do profano e a ressurreição templária do
ente divino. Como nos diz a oração acima: “Eu sou puro amor...” e
é assim que somos!
Não quero ser mais prolixo! Talvez tenha atingido o objetivo, ou talvez
não tenha, mas fica o desejo de que todos confiemos no Supremo Criador, sabendo
que a obra do Inefável Ser que engendrou em sua mente a perfeição de um
universo que para nós mostra-se infinito, tem objetivos e propósitos que
ultrapassam os pequenos momentos materiais nos quais vivemos mergulhados.
Paz e Luz.
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